domingo, 4 de março de 2012

Sempre coca-cola

Minha mãe me ensinou que tomar coca-cola ajuda em muita coisa.
Até em dores de barriga.
Ensinamento estranho, mas que pra mim sempre fez todo sentido. Acabei de tomar mais um copa da benedita.
E tomei sol também. Tanto, que minha pele, outrora branca, agora tem outro tom: morango do nordeste.
E a alma ficou boa boa! Tá tão corada quanto as maças do rosto.
Fiz as pazes. Selei-as com beijos, confidências e afagos.
Andei com os pés na grama. Encarei as nuvens. Deitei numa manta sob a grama. Vi as flores caindo das árvores. Fugi das formigas. Ri de bobeiras. Perguntei às arvores como elas são tão fortes e bonitas...
Hoje, vivi! Sem problemas, sem neuras e sem nenhuma questão de antemão.
Hoje vivi o hoje! E foi um prazer imenso.
Descobri que tudo passa... se a gente deixar passar!
O sol passou e deixou no seu lugar uma leve brisa.
Eu fiquei com suas marcas no corpo e no espírito.
To toda ensolarada. E tomando coca-cola pra tentar curar a dor de barriga, porque viver o hoje é uma estravagância tão grande que o corpo não entende, tem overdose de si mesmo e se remexe todo.
Tô tomando coca-cola porque nenhuma estravagância fica impune.
E se quer saber, eu repetiria os mesmos raios de sol do hoje, hoje de novo! Já vou até preparando a coca-cola...

Gislaine Pereira

sábado, 3 de março de 2012

Tudo passa?

As coisas passam a perder o sentido quando você passa mais tempo dizendo as coisas do que vivendo.
As coisas passam a perder o sabor quando você tem que ficar lutando por algo que devia ser a única coisa da vida que não devia exigir luta.
As coisas passam a ser repensadas quando você tem ficar dizendo o tempo todo como se sente, porque a outra pessoa é incapaz de perceber.
As coisas passam a ser dor quando só você se importa.
As coisas passam...
Eu to passando.
Pena que ele não , não ouve, não liga, não age... Porque eu to passando.
Tá tudo passando. Eu já fiz de tudo pra segurar o nó, mas to puxando a corda sozinha, tá cada vez mais fraco e se disfazendo. Porque eu to passando... E to indo...
Vai ficar um rio de lágrimas tentando avisar que eu to passando.
Nada é feito. E eu? Fiz de tudo pra não passar. Mas tá inevitável. To passando...
Num dia as lágrimas trazem flores que não manha seguinte já estão murchas e esquecidas.
Uma conversa não resolve. Dizer que vai mudar e permanecer repetindo os mesmos erros não resolve. Plantar flores e deixá-las morrer no dia seguinte não resolve. Só dissolve...
Será que passou o tempo e eu não vi?
Será que minha hora chegou? Será que já é hora de cortar o laço e deixar o tempo passar?
Dói a dor de não querer ver o que o tempo está desenhando. Dói a dor de não querer ir e ser empurrada pra saida a cada manha de "não posso, hoje não".
Só... Passando...

(Gislaine Pereira)

Na vitrola: Tudo passa - Marcelo Camelo

quinta-feira, 1 de março de 2012