quarta-feira, 19 de maio de 2010

Um dia de barco...

"O pensamento só começa com a dúvida"
(Martin Du gard)

"Longa é a viagem rumo a si próprio;
inesperada é sua descoberta."
(Thomas Mann)



Um dia na vida de um barco
Certa vez eu vi um barco atracado na beira de uma praia
Ele estava lá, todo colorido... parecia convidar o vento pra dançar.
Estava atracado, mas se via completo, pois exercia sua primordial função: 
apenas ser-se barco!
Se construia dia a dia e esperava... e só ele e o céu e que sabem o quê!
Naquele dia o sol brilhava revelando todas as cores do céu e do mar
Era um infinito de azul pra todos os lados
O mar brincava sobre a areia da praia e desaguava ali, bem pertinho do barco...
Ao cair da tarde o mar foi aos poucos se aprochegando daquele barquinho...
Primeiro tocou o barco só com seu hálito de mar
Depois deixou que sua espuma tangesse o barco
E esse apenas se deixava tocar, não tocava, só dançava
E assim... sem que se percebesse foi deixando-se levar... 
E quando percebeu-se já estava em alto mar
Então levado pelas ondas resolveu-se: 
seria barco a deriva mesmo!
Afinal, já estava molhado, não podia (e nem queria) negar.
Levantou sua âncora e deixou-se guiar.
E então... o mar...
parou!

Não fez ondas, 
não fez nada, 
parou suas águas!

E deixou o barco a deriva, 
sem saber pra onde ir...

O barco confuso resolveu-se por voltar pra praia
Pegou seus remos e se lançou em direção a areia...

Então o mar, impetuoso como é, resolveu ninar o barco
E entre ventos, ondas e tormentos o convenceu a permanecer ali
Navegando
O barco, mesmo confuso, aceitou o convite do mar... e ficou ali, 
pronto pra navegar... barco bobo!
O vento parecia dizer-lhe que voltasse
Mas ele, em sua natureza cega de barco, içou as velas e foi um pouco mais longe
Virou-se contra o vento, seguiu o som do mar

Mas esqueceu-se que o mar é imprevisivel e então, antes que duas brisas passassem...

O mar baixou sua maré, assim sem mais nem menos, 
Abrandou as ondas
e se calou!

E sem explicações ou mapas o barco se viu no cais... 

Assim mesmo
Sem nenhuma bússola

O barco estava no cais,
atracado!

E ao olhar pra trás viu o mar se encolhendo... sumindo... virando marola...

As ondas do mar se revolviam... sem direção... sem voz... sem cor...
Partiu-se o azul... 

O barco só conseguia ver as cores do céu, um vermelho - em anúncio de tempestade 
Mas o céu se abrandou - sempre se abranda...
Ficou azul
um infinito azul
O barco não via o mar... talvez porque não quisesse
ou talvez porque quisesse muito

E o mar ainda estava ali... tocando suavemente a proa do barco
E o barco...
o barco sentia, mas preferia não sentí-lo
Preferia só olhar o azul do céu...
Porque o mar, em fúria e impeto, quebrou-lhe algumas tábuas
E isso precisa ser concertado
O barco ainda é tocado pelo mar, e o toca... ele sabe que toca

Mas por hoje o barco fica no cais.
Está ali parado. Bem rente as ondas
Tem dois remos ao lado
E pra quem quiser ver: é aquele barquinho colorido, que tem sua proa apontada pro sol
Está sozinho... mas logo vai pro rio, viajar outras águas, porque o mar ficou salgado demais pra ele.
Ele prefere ir pra águas mais claras, nitidas e constantes

Mas água é sempre água
E o barco já se ve...

Barco não se vê, não se enxerga, não é? Eu é que vejo o barco.
Vejo mar...
Vejo céu!
Barco é só barco!!!
 Fase 2.2: Continuo falando... quando na verdade eu deveria calar!



VERDADE:
sf (lat veritate)  Aquilo que é ou existe iniludivelmente. 
 Conformidade das coisas com o conceito que a mente forma delas. 
 Concepção clara de uma realidade. 

 Juízo ou proposição que não se pode negar racionalmente. 
 Conformidade do que se diz com o que se sente ou se pensa. 

 Representação fiel de alguma coisa existente na natureza. 

Meia verdade: afirmação parcialmente verdadeira ou parcialmente urdida, de modo a iludir pessoas ou escapar a críticas. 
V. verdade: a verdade primeiro que tudo; diga-se a verdade, salve-se a verdade.  
Dizer a verdade nua e crua: falar sem ambages, sem disfarce, sem rodeios. 
Dizer as verdades a alguém: a) expor abertamente o que se sabe ou se julga de alguém; 
b) criticar sem medo; 
c) manifestar os defeitos ou as faltas de alguém. 
Ser a pura verdade: ser a verdade clara e positiva, ser a verdade incontestável.  
Ser a verdade em pessoa: nunca mentir. 
Tirar a verdade a limpo: averiguá-la. 
Valha a verdade: diga-se a verdade. 
Verdade é que: na realidade.



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