segunda-feira, 23 de abril de 2012

Ser paradoxo

Já sentiu vontade de gritar e ficar em silêncio ao mesmo tempo?
Tenho estado assim.
A vontade de ser visto e percebida, sentida, ser tida... E também a vontade de passar incolune.
Está ai uma coisa que tenho percebido me incomodar: passar incolune!
Passei anos pensando que era disso que eu realmente gostava. Hoje percebo que detesto. Se não sou vista me irrito profundamente. Principalmente quando não sou vista direito, quando me olham e não me enchergam de verdade. Fico querendo explodir (os outros).
Dái me explodo a falar ou a chorar.
Sinto falta de exercitar o silêncio e meu auto entendimento.
Eu tenho me esquecido de mim e assim deixado de ver a todos. Engraçado, se não consigo me ver inteiramente, integralmente, também não consigo ver o resto do mundo.
É como se tudo se tornasse superficial. Se ninguém mergulha em mim, eu não mergulho em ninguém!
Em um desses dias de complexidade diante do espelho, que me mostrava uma imagem que não me dizia nada em absoluto, resolvi parar, olhar pra mim... E só pra mim!
E eis a surpresa: passei a ver os jardins e borboletas que me rodeiam.
Nenhuma grama é mais verde que a minha. São todas verdes e ponto! Mas o meu jardim é só meu e de mais ninguém. Quem deve regá-lo e adubá-lo sou eu e mais ninguém.
Cansei de tentar fazer sentido, agora quero só ser sentida!
Ou olha ou cai fora. Sem peso. Eu quero me ver e ser vista. Eu quero entrar em mim, pra depois, quem sabe, voltar a ver o mundo dos outros.
Andei abrindo mão de muitas coisas, inclusive da minha individualidade. E aprendi! Ou eu olho pra mim, ou ninguém mais olha.
Primeiro se conjuga o sujeito "eu", depois é que vem "tú". Eu tava misturando tudo já, era muito nó pra pouco eu.
E que não faça sentido algum... Se eu sentir já estou realizada. Minhas realizações agora serão essas: "eu em mim! Mim me eu!" Porque um é só o oposto do outro, e sendo oposto já está ligado!
Viverei agora sendo o paradoxo de mim mesma! E assim serei completa! Contraditória! Composta! Inacabada e inteiramente eu!
Leu (meu eu)?
(Gislaine Pereira)


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