terça-feira, 27 de agosto de 2013

Era de admirar

Ela andava sozinha pela cidade, era noite, nevava...
A noite estava linda.
As luzes nos postes deixavam o caminho parecendo cenário de um filme.
E de dentro dela vinha uma canção que deixava tudo ainda mais bonito.

Então, num cruzamento, ele apareceu...
Sorriu, como quem não quer nada além de ser feliz, e começou a caminhar ao lado dela.
No começo ela não lhe deu importância alguma, mas depois começou a perceber que nada tinha mais tanta graça sem ele por perto.
Nem a rua, nem as luzes, nem a neve...
Agora era como se ele fosse a própria neve a cair e cobrir-lhes o cabelo.

Eles entravam em velhas livrarias e ele a fazia rir ao fingir-se dono de uma biblioteca gigante e recomendar-lhe livros que nunca leu. Era de admirar todo aquele bom humor. E ai ela foi admirando... Admirar...
O sorriso, os olhos que se fechavam e brilhavam no sorriso, o jeito de tocar violão, o seu modo desafinado e exagerado de cantar as músicas mais bregas, as citações inventadas e creditadas a qualquer livro de capa bonita... Era de admirar!

E eles andavam todos os dias sob a neve, com o pretexto de que tinham insônia e a rua ajudava a acalmar os nervos.
A verdade é que eles contavam os segundos pra chegar a hora em que se encontrariam naquele mesmo cruzamento de meses atrás e caminhariam sem se importar com o frio...

Ele era de admirar... E admirava ela como mais ninguém fazia!
E por ele admirá-la, ela o admirava cada vez mais...

Nem o fim da neve os impediu de continuar a caminhar a noite, inventavam pretextos novos e iam...
Admirando-se!

Ao olhá-los juntos assim na rua...
Ah, era de admirar!

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