domingo, 18 de abril de 2010

O riso é incompátivel com o exercício do poder?

A princípio eu ia dizer que sim. Mas pensando um "tiquinho" a mais reavaliei minha resposta. É claro que o exercício do poder é compátivel com o riso. O problema é que poucos (exercentes do poder) estão dispostos a testar isso. O riso sempre foi ligado a um lado crítico, e é aí que está o "problema": para ser criticado é preciso ter muita confiança em si e também credibilidade. Fiquei me perguntando se conhecia alguém, dotado de poder sobre algo ou alguém, que tivesse o riso ao seu lado. E não precisei ir muito longe.
Atualmente estou fazendo estágio em um grupo de teatro chamado Redimunho, um grupo que cada vez me encanta e intriga mais, pois entre os integrantes do grupo e o diretor há uma relação muito leve e dotada de muito riso. Os integrantes riem das esquisitices do diretor e ele faz o mesmo com eles. As coisas são ditas sem o menor medo, as criticas são feitas de forma muito aberta e tranquila, eles riem do diretor e este ri deles - e é assim o tempo todo. E de modo algum o poder dele sobre o grupo fica abalado por isso. Existe muito respeito nas relações.
As pessoas que tem medo de perder seu poder julgam o riso como algo perigoso e preferem e extinguí-lo, proibí-lo, censurá-lo ao invés de lidar com ele. As grandes ditaduras mundiais provam isso. Os homens que detinham o poder não admitiam serem satirizados ou mesmo questionados. Nesses casos o poder era preservado a ferro e fogo, não havia espaço para pensamentos contrários as essas "autoridades" totalitárias. Os pensamentos deviam seguir um mesmo caminho e qualquer fio de idéia contrário a ele devia ser podado. Em uma democrácia deve haver espaço para reflexão, logo deve haver espaço para o riso - falo do riso nesse sentido critico, que leva ao pensar, ou melhor, ao re-pensar a realidade. Na ditadura brasileira a grande arma eram as charges (herança que ainda vemos pingadas em nossos jornais). Agora, no Brasil parece que esse riso, reflexivo e critico, voltou a calcar seu espaço, o que não tem agradado muito os poderosos da político atual. Vemos nas telas da tv esse humor ganhar mais espaço e audiência com programas como o CQC; voltamos a ser chamados a repensar nossa realidade. Que bom!
O humor volta a assumir seu lugar critico, apesar dos protestos.

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