terça-feira, 9 de novembro de 2010

Conto solar

O sol estava a pino quando ela entrou na pequena loja, o vendedor a olhou e prendeu a respiração, parecia estar suspenso... arregalou os olhos e quase deixou cair as caixas que trazia nas mãos. Ela ficou encabulada, passou pelo corredor, onde ele empilhava as mercadorias, apressada, quase sem respirar e sentindo-se corar intensamente. Ao entrar no outro corredor ouviu a voz do vendedor chamando um outro:
-O Fulanooo!!!
-Que foi Beltrano?
-Eu acabei de ver uma loira... Tipo um anjo, surgiu do nada na minha frente...
-(risos)
-É sério meu... Parei! Fiquei bobo!
-Shiu ow, ela tá bem ali ó.
Ela perdeu o rubor e caiu no riso. Apanhou o que precisava e voltou aquele corredor pelo qual entrara, os dois vendedores a olharam e disfarçaram - bem mal disfarçadamente. Ela riu... Apanhou mais algumas coisas, pegou um sorvete e foi até o caixa pagar as compras feitas, e ainda viu de soslaio os vendedores cochichando sobre ela.
De volta a rua o sol a castigava... o onibus demorava... o sol ardia... o sorvete acabara... o onibus veio... e o sol não dava descanso... a blusa deixou marca... Já em casa, um bom banho frio pra esfriar a pele, mas o sol parecia arder nela. O corpo não esfriava, nem com refrigerante... que dado o calor, não refrigerava mais nada.
Agora ela respirava - o sol parecia dar descanso finalmente - e ele resolveu aparecer!
O sol vai indo embora, e o calor fica...

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