Ele: -Bom dia!
Ela: -Dormiu bem querido?
Ele: -Bem!
Ela: -Tá tudo bem?
Ele: -Tudo! Só to cansado!
Ela: - Toma um café que melhora!
Ela: -Ah, amor. Precisamos comprar toalhas.
Ele: -Sim, compra lá!
Ela: -Vamos juntos?
Ele: -Pode ver você isso. Eu tô cheio de coisas pra resolver.
Ela: - Tá. Toma um café pra acordar! Fiz agora, tá quentinho!
Ela: -Bom dia meu anjo!
Ele: -Bom dia!
Ela: -Dormiu bem? Fiz café pra você...
Ele: -Bem. Ah, obrigada!
Ela: -Quer comer algo?
Ele: -Não! Agora não! Vou ali comprar cigarro, tá?
Ela: -Cigarro? Mas você não fuma...
Ele: -É... Só vou comprar!
Ela: -Tá. Vou preparar algo pra você comer quando voltar tá?
Ele: -Tá!
Ela: - Amor?
Ele: -Oi.
Ela: -Não esquece que eu te amo, tá?
Ele: -Tá. Eu já volto, pera ai...
E nunca mais voltou.
E ela descobriu que ele já fumava a algum tempo. E que não queria mais seu café, só não tinha coragem de dizer - porque a coragem estava adoçando o café que ele não tomou.
E ela? Ela amou daquela vez como se fosse a última.
Preparou a mesa, esquentou o pão e esperou... Esperou até o café esfriar.
Ai desarrumou a mesa, desarrumou a cama, desarrumou a vida e caminhou. Caminhou até os pés sangrarem. E quando voltou pra casa, tinha tantas marcas que... Que dormiu!
Saiu no outro dia e sentou-se na padaria esperando... Esperou... Se desesperou de desesperança!
Pediu uma dose da bebida mais amarga. Achou doce. Passou alguém... Fez-lhe graça pra tirá-la do amargor. Ela riu das piadas que aquele que passava lhe contou, chamou-lhe pra sentar... Ele pediu um café. Ela tomou!
Saíram, dançaram, olharam-se, sentiram-se e beijaram-se. A noite chegou, ela havia passado da conta nas bebidas que antecederam o café, mas ainda tinha consciência de cada passo que dava. Consciência e vontade... Vontade de tomar todos os cafés que não tomou esperando ele voltar.
Naquela noite ela se deixou beijar, se deixou abraçar, se deixou ser sentida... E sentiu que há muito não se sentia assim tão bem quista. Viraram a noite conversando, se contando, se sentindo.
As 6h da manhã quando decidiram dormir, ela percebeu que ele já não ficava acordado com ela a tempos e que ja não queria seus cafés...
Acordaram as 7h saíram, foram ver flores, cantaram juntos, riram... Se despediram. E a noite se
viram de novo. Café, cinema, café, suco, sentir, olhar... Beijo. E prometeram-se não se beijar mais, pelo menos por agora, pelo menos até o café não ser mais tão amargo pra ela. Respiro. Respeito...
Na semana seguinte se viram. Andaram, riram, cantaram, teatro, café, teatro... Sem beijos. Só afeto!
Respeito infinito! Vontade? Café! Conversaram sobre tudo, até sobre as promessas que resolveram se impor... Respiro! Respeito!
Mais um café, por favor!
Então, quando ela arrumava a mesa pra tomar um café sozinha enquanto observava o sol...
Ele voltou.
Sem cigarros na mão, sem desculpas, sem nada.
Só querendo tomar um café
(...continua!)
Gislaine Pereira
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