Hoje mechi muito com água, água nos tornozelos, água no joelho, água na cintura, água me afogando e água no fogo - a água é incrivel quando ferve (e depois esfria). A Roberta me viu na tragédia, imaginou a Medeia. Acho engraçado isso, essa história de que o movimento fala por si.
No fim agente fala o que não queria falar também. Porque o corpo fala por nós, nossas atitudes falam de nós, mesmo quando silenciamos. E o silêncio, esse escuta só quem quer.
To cansada. Acho que fervi muito na água e agora meus olhos se fecham sozinhos.
Estou com olheiras...
Ah, que sono. Vou desaguar na cama agora!
Mas afinal, como é uma gota que viaja até chegar ao fundo do oceano? E como é, depois de ser gota, virar oceano?
Fiquei na vontade, na expectativa e no medo. Devia ter ido. Segurei. Acabou.
Experiencia - ah, como é bom viver tudo isso!
Eu queria poder dar asas à minha imaginação. Cair na gandaia sem ter que dar explicações. Não justificar meus erros porque sou mulher e tenho que fazer assim ou assado. Sair de mim quantas vezes forem necessárias e depois ficar de pé e seguir em frente sem olhar para trás.
Poderia ter muitos amantes, um de cada estilo. O que me faria feliz de vez em quando, outro que me poria nos braços como uma Julieta. E também o forte e vigoroso, charmoso e que me levaria às nuvens de tanta paixão.
Eu queria poder vestir saias curtas sem me incomodar com a celulite. Usar o biquíni de listras sem pensar que esse tipo de grafia pode engordar. Mergulhar no mar mesmo sem saber nadar. Ah! Como seria bom visitar as profundezas do oceano, conversar com as sereias e aprender a seduzir como elas. Fazer colares de pérolas brancas que repousam nas conchas. Encontrar estrelas no fundo do mar e acariciar sua beleza.
Mulher adora liberdade, fantasia, magia. Coleciona artifícios, futilidades. Mas também luta, coordena, planeja. Mas ser feliz para ela é poder ter imaginação fêmea, curtir filmes românticos e não perder a força e o esforço de mulher de atitude.
Que delícia viver com os cabelos molhados sem gastar tanto dinheiro para fazer escova. Sair da linha e comer bombons confeitados. Jujubas coloridas e encher minha casa de flores. Eu pintaria um quadro com uma bela cidade e cheia de luzes prateadas. Nele eu faria uma porta imensa bem aberta e à noite eu visitaria esse lugar onde as estrelas se escondem com vergonha de presenciarem a minha facilidade em ser feliz. É verdade. Eu beijaria os homens mais bonitos e pediria muitos abraços. Poria meus pés nas águas do lago e chamaria por um sapo para que viesse se transformar em príncipe. Se for mentira a lenda, sairia de novo pela mesma porta e ficaria alegre por ter vivido essas oportunidades.
Minha paixão profissional seria a maior do mundo. Ficaria atenta aos ótimos projetos e desfilaria nos corredores da empresa com meu vestido preto com a fenda arrasadora no meio das pernas. Os olhares masculinos ficariam doidos comigo e eu entraria em minha sala para digitar e observar através dos vidros o estrago que consegui fazer com meu charme.
Mas eu também teria uma bancada em meu banheiro com caixas transparentes contendo todo tipo de maquiagem. Gloss? Nem sei quantos. Um de cada cor, mas os de cor rosa seriam de todos as matizes. Os lápis de olhos ficariam em destaque. Rimel eu exporia uns mil bem na parte da frente. A caixa de perfumes seria repleta de frascos de cristal e coloridos.
Meu guarda-roupa teria jeans lavado, premoldado, de todo tipo. Sandálias femininas com saltos altíssimos. Saias justas ou largas, mas com o tecido de seda que marcaria minhas curvas.
Minha felicidade feminina extrapolaria o universo se eu encontrasse um ex-amor e ele dissesse que estou ainda mais linda. Se vivesse um momento mágico de paixão. Se perdesse um dos meus sapatos e algum tal homem viesse me entregar. Na minha íntima felicidade eu também brinco de contos de fada. Afinal, sou mulher.
Mulher adora liberdade, fantasia, magia. Coleciona artifícios, futilidades. Mas também luta, coordena, planeja. Mas ser feliz para ela é poder ter imaginação fêmea, curtir filmes românticos e não perder a força e o esforço de mulher de atitude.
É possível ser feliz sem opressões, sem desvios e julgamentos. Você pode ser uma ELA se desejar. Se puder se controlar e se doar quando for preciso. Não importa o que se fala nem se o que foi dito realmente aconteceu. Quem sabe de uma mulher se não ela mesma?
Felicidade feminina é quando uma mulher se posiciona no front. Não se esconde em trincheiras nem sabota a beleza da pele de fora, que dirá a de dentro. Tem garras afiadas e braços fortes. Suas solas dos pés são de titânio. Seu ventre é sagrado.
A felicidade feminina engloba tantas coisas. O que recebemos como dom. O bom-humor. A flexibilidade dos hormônios. As curvas dos seios. A sensibilidade aguçada.
Felicidade feminina pode ter você, eu, qualquer outra mulher que se disponha a lutar. Flertar com os sentimentos. Conviver com os entrelaços do amor. Desfilar em carruagens de fogo e lançar flores para a platéia extasiada com a estréia na vida.
Felicidade feminina tem sabor das delícias. Aroma de alfazema. Brilho de purpurina.
Quem sabe de nós somos nós mesmas. As que menstruam, são fortes, lutam, caem, levantam e lambem as suas feridas. Diga-se de passagem, com a saliva mais doce e sedutora que existe.
Seja você. Seja única e mais mulher. Mas que seja repleta dessa tal felicidade feminina.