terça-feira, 4 de maio de 2010

Afago

To escolhendo as palavras... porque agora elas jorram de mim, escolho-as e escrevo, escrevo, escrevo... mesmo receosa, escrevo. Quero dizer! Serei patética, eu sei. Mas ouso escrever mesmo assim.

Vim durante todo o trajeto até a minha casa pensando, quando de repente, numa curva, percebi que estava dentro de um modelo de onibus diferente, olha como estava distraída... 
Ai, disse pra mim mesma:
-Chega de pensar, vou ler!
Abro A rosa do povo do dignissimo Drummond, e entre tantos poemas leio um que diz exatamente aquilo que eu não conseguia parar de pensar:
"...mas eu sei quanto me custa
manter esse gelo digno,
essa indiferença gaia,
e não gritar: Vem, Fulana!" 



Hoje fui embora pensando: - Porque, raios, é que eu fui inventar de não dizer pra ninguém?
E ai fiquei no impulso, só... e pensando... como eu disfarço bem, acho que isso pode até confundir, daí que esse trecho do poema do Drummond tenha reverberado em mim. Porque tem momentos em que eu só quero pousar a cabeça em um ombro e ficar quietinha, como hoje que estou meio doente, mas ai me seguro, porque penso:
-Antes eu não faria isso, vão perceber.
As vezes essa situação é hilária, me deixa meio embaraçada, porque não sei como agir, porque eu não tenho como sair da defensiva sem me denunciar... quem foi que inventou isso? eu! 
Tonta.
Ainda continuo achando o mesmo: não quero o circo armado, mas tem horas que tudo que eu queria é não ficar fingindo que nada acontece. Queria facilitar só um pouquinho minha vida.

Já parou pra pensar em quanto agente é estranho? Quem é que, se conhecendo pessoalmente, começa algo pela internet? E se enrola todo na vida real? Acho que é por isso que dá certo... Porque isso é muito diferente de tudo e agente é muito igual.

Nunca fui tão direta. E acho que nunca me segurei tanto...
Pra não olhar demais. Pra não abraçar.Pra não pegar sem querer na mão. Pra não sorrir "sem querer" quando percebo ele se aproximando "sutilmente".
Qualquer dia eu me deixo levar... e ai quero ver quem é que não vai perceber. Porque eu até sei disfarçar. Mas tem hora que não quero.
Era disso que eu ia falar outro dia: em quanto me controlo pra ficar ali do lado e não fazer nada. Fingindo que não sinto nada, que não quero nada, que não estou pensando em nada. Fazer cara de paisagem quando eu só queria não parar de olhar. Não soltar a mão. Colocar todo mundo pra correr. Só pra não ter que disfarçar...
Ás vezes me sinto perdida. Você me confunde. De todos os jeitos possiveis. Olha lá eu escrevendo como se isso fosse uma carta endereçada, e não um post normal, escrito pra qualquer um ler... Isso por que eu sei que você vai ler, talvez seja até o primeiro a ler. Enfim...
Isso tudo é muito confuso. Acho que agente fala demais, mesmo sem palavras e até com muitas palavras. E não é defeito, é caracteristica.
Eu não sei nem como nomear isso tudo. Tem nome?
Lembro de uma vez ter dito: "Você me confunde, não de um jeito muito bom". Hoje me confunde de todos os jeitos - bons e ruins. E tem confusão boa? Ah, tem sim, senhor. Assim como tem da outra...
Quando me dá oi e desvia o olhar - confunde. Quando vai e eu fico - confusa
Quando eu fico e ele vai - confundo. Quando eu quero dizer e não digo - confundo
Quando quero ir bem fundo - com fundo. Quando em quando - eu estou - confusa, confundo, confusão, sem tensão, e dá medo, porque eu quero, e finjo, e seguro, e controlo, e confundo... confuso? Eu fico!
Ontem quando cheguei em casa até pensei em entrar aqui pra escrever, dizer oi pela janelinha, mas meu corpo não me ouvia. Tudo girava...Mas ainda assim eu pensava em vir aqui e dizer. Eu doente e brigando comigo pra vir pra cá, ficar na frente desse computador... mas minha mente perdeu pro meu estomago, ou figado, sei lá... Ainda bem que não disse, porque ontem o Drummond ainda não tinha me cutucado... 


Esse texto ta confuso, eu sei. Mas tá sincero, sem muita censura. Deve estar sem sentido (direção), mas tem muito do que é sentido (sentimento). Escrever vem sendo algo essencial em mim, porque parafraseando o Drudru:  

"...meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito (...)"


 Tá tudo sempre no detalhe...
No olhar,
dado ou negado.
 Tá no olhar.






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