sábado, 4 de setembro de 2010

D'encantos - conto

Em uma noite de lua a moça se debruça sobre a janela pra ouvir o violeiro.
Ele lhe canta uma canção que já cantou a outras moças, mas ela finge que não sabe, finge que acredita que essa canção é só pra ela, finge que não finge...
A moça na janela tem coisas escondidas, cobertas com um véu... que precisam ser desveladas. Mas o violeiro não sabe, ele só canta... pra ela. E ela ouve o canto e se encanta, mesmo dizendo a si mesma que não. 
-Cante mais pra lá, seu moço e não se afaste não. Eu não quero que cante pra mim e não quero tanto... que chego a querer demais.
-Ô moça, me deixe cantar... porque eu estava andando tanto tempo só pra poder te achar...
A moça sabia que ele não a procurava, o que ele buscava era alguém... mas esse alguém podia não ser ela. E podia muito bem ser. Quem é que pode saber?
A moça sabia que já havia sido ferida e que trazia em si algumas cicatrizes ainda frescas, mas o violeiro não sabia não. A moça debruçada na janela parecia esquecer do perigo que implicava estar ali... a qualquer momento ela podia cair da janela (de novo)... E talvez, só talvez, o violeiro não esteja ali de braços abertos pra ampará-la na queda quando e se ela vier a cair... 

-Eita medo que eu tenho de altura...
-Se preocupe não dona moça, eu ainda to aqui...

Gislaine Pereira

"...eu vi uma imagem tão bonita na janela que eu perdi o compasso moça... 
Eu sou o palhaço que veio com o circo... Seu sorriso é bonito moça, aliás a srta. é danada de bonita... ♪Tu me acertou tiro certeiro no meu peito, tu me acertou não sei se veio vindo veio... "


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