segunda-feira, 11 de outubro de 2010

As metades que somadas me tornam inteira!

Vivo dizendo que sou inteira em tudo... 
mas venho descobrindo que sou composta de muitas metades!
E nem todas andam expostas por ai;
Metade de mim é o que escondo, a outra metade o que conto!



Metade de mim

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.


Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante

Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento

Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo


Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada

Porque metade de mim é o que penso
E a outra metade um vulcão.


Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância

Porque metade de mim é a lembrança do que fui
E a outra metade não sei


Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço


Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer

Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é a canção


E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

  
Oswaldo Montenegro

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