sexta-feira, 30 de abril de 2010

Devaneios acerca da internet a 1h 30 da madrugada

Internet estraga agente. Faz fuçar no que não deve, ouvir o que não deve, se encucar com o que não deve...
Fora que parece que as portas da sua vida ficão abertas pra todo mundo fuçar. Gosto cada vez menos disso, cada vez quero mais privacidade. E o estranho é que tenho escrito cada vez mais aqui... Dualidade.
Cada dia encontro alguém que me fala algo de mim porque viu na "rede". Acho estranho.
Acho estranho que me leiam, que me vejam, e mais estranho ainda é que queiram me ver e me ler. Acho estranho quando resolvem me adicionar pelo que acham das minhas fotos, ou porque conhecem alguém que me conhece.
As redes sociais são assim - mas ainda assim é estranho. E continuo negando pedidos. Não quero amigos virtuais, prefiro os de carne e osso.

E porque tantas pessoas estranhas me add. no msn? no orkut? me seguem no twitter? Pra quê? Porque?


Houve uma época em que a internet era algo muuuuito importante na minha vida. É estranho pensar em como as coisas se alteraram em mim e em como permaneceram. Internet é ainda importante, mas não é essencial.

Tive uma professora que sempre dizia: orkut não aproxima ninguém de ninguém, ele afasta. Porque você acaba por se contentar em falar com a pessoa ali por scraps e recadinhos e dispensa o contato real.
Hoje dou razão!

Falta calor humano no humano.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Cris / Gis


A foto é pra lembrar que nos sempre fazemos tudo juntas, mesmo sem querer e querendo muito também.
Ela é com que eu danço tango, coco, jongo e o que mais aparecer. Foi com ela que eu compartilhei os momentos mais tristes e os mais bonitos desses ultimos quase quatro anos. É com ela que sempre compartilho as minhas idiotices (e muitas vezes ela é cumplice). As vezes ela se sente minha irmã mais velha, eu não reclamo, sei que é cuidado, carinho, ela é a Cris.
Nunca brigamos sério. Já passamos por momentos em que era dificil engolir uma a outra, mas ainda assim ficavamos perto, sempre perto. Mesmo nas minhas crises de insegurança e tpm "braba" ela estava do lado. E eu aguentei as chatices dela.
Ela tava no msn agora, me lembrando das minhas responsabilidades de amanhã. E fofocando também, porque agente quando se junta parece que somos duas pré adolescentes. Eu sinto saudade. Mesmo vendo ela dia sim e outro também.
Eterna dupla! Cumplicidade é isso ai.
 
Gris: a mistura que a Su fazia com nosso nome, depois de trocar o nome das duas - alias isso é algo que as pessoas sempre faziam: me chamar de Cris e chamá-la de Gis e nem adiantava reclamar, diziam que era porque agente não se desgrudava. E dava? O universo conspirava (e ainda conspira) pra nos deixar grudadas.
Todas as segundas agente se junta em pensamentos porque um certo alguém faz com que agente pense um monte de besteiras... e rimos, como rimos.
Eu amo essa "bruxinha", como dizia a Lais. E não consigo ver minha vida sem ela. Não aguento ficar muito tempo sem contar os "babados" pra ela. Agente é cumadi. rs
Não deu certo com o irmão dela, mas ainda assim ela é minha irmã. Ah Cris, irmã é mais que cunhada vai. rs

Amo você mi parceira(o) de Tangooooo e loucuras.

Gira sol, gira mundo...

"O girassol é flor raçuda que enfrenta até a mais violenta intempérie e acaba sobrevivendo.
Ela quer luz e espaço e em busca desses objetivos, seu corpo se contorce o dia inteiro.
O girassol aprendeu a viver com o sol e por isso é forte.
Já o miosótis é plantinha linda, mas que exige muito mais cuidado. Gosta mais de estufa.
O girassol se vira… e como se vira!"

Eu nem sei direito que flor é essa ai... esse tal de miosótis, só vi em foto, nunca toquei. Queria tocar...

A alguns segundos atrás li uma coisa que me fez pensar. Ih, ferrou, to pensando. rs
Tem coisa estranha, porque o tempo é senhor de todas as coisas... E não faz tempo, faz? Não falo de mim, mas do que vem pelo outro lado do rio e que tá desaguando aqui.
Eu sou exagero, mas sei me medir, me controlar, ás vezes até demais. Mas isso é porque eu não quero viver do impulso somente, quero algo mais sólido que água de mar que vai e vem sem dizer pra onde nem porque. Não quero ser só o impulso, apesar de me encantar sê-lo. To confusa. Porque eu nunca fui muita certa das coisas; não dessas coisas. E agora que parecia tudo meio certo, começa a complicar.
Sabe o que é? É que agente nunca imenda uma história na outra, não faz sentido, não dá sentido, ou então o sentido fica contaminado pelo outro sentido. Não fica?
 Não quero ser a reticencia, porque passa... Fica no ar, não se fixa, não se consolida. E o receio que vejo no outro olho que me olha se torna passarinho bicando minha cabeça. É aí que me confundo, é aí que tudo se funde num vendaval. Tá tudo meio solto.
É leve, não pesa. Sentimento tem que ser assim mesmo, isso me encanta: ser leve, ser calma.
Mas tá me confundindo... porque tá confuso e eu to vendo isso. Não sou eu. É o outro!
Nunca pensei que fosse um dia ser a pessoa descomplicada, e a complicação que vejo me complica os sentidos e fico sem-tido, sem tê-lo, sem nada... de mãos atadas e pensamentos ficando cada vez mais presos...
A ausencia faz a falta. Faz o receio. Faz o passarinho bicar com mais força na minha cabeça e eu tento fazer ele parar, mas... Sei lá, devaneios meus...



quarta-feira, 28 de abril de 2010

Um emaranhado de coisas = eu

E a Ligia me diz: "Tenha a consciência de que vc pode sentir o que sente e que se vc pode sentir, vc pode agir".
E de repente, mais rápido do que eu podia sequer imaginar, o barco atraca no cais e as ondas vem com mais força... Entender? Não, eu não entendo. Mas ás vezes entender quer dizer complicar e eu to querendo ir no simples. O simples é sempre mais bonito, é "justo". Nada exagera ou exclui, fica na medida.
Eu já sou o exagero, já não caibo em mim, já sou uma desmedida. To querendo viver nas pequenas coisas, nos detalhes, nas sutilezas, no olhar, no contato, com tato, com muito tato. Mas sem muito também, por que se não agente não vai, fica. Só fica. Fica só. Permanece e fenece.
Engraçado, a Ligia me conhece em cada detalhe. É bom ter esses ombros sempre ao alcance.
E mais ombros vem... ombros, olhos, ouvidos, boca. Tá tudo muito perto de mim é só estender as mãos e abraçar.

Lembrei do dia em que o André G. me jogou de cima do palco do teatro novo, nunca me esqueço desse dia, dei um grito que foi abafado pelos braços do João que estavam lá pra me segurar. Nunca me esqueci, aprendi a confiar e a me jogar de vez em quando. É tão bom poder ter braços que estão ali pra te segurar e pra te confortar caso você caia. Sim, as vezes agente cai. Eu já cai. Mas não posso deixar de pular por conta disso... Eu continuo subindo lá no alto, bem no alto e continuo me jogandooooooooooo...
Sumindo na imensidão do mar que me envolve.
Claro que dá medo, não sou nenhum temerário, mas o medo não me paralisa mais. Ele virou motor pra pensar, mas não pra paralisar.

Essa semana foi um misto de sentimentos, de desejos, de medos, de ansias... de alegrias, de risos, de encontros, de reencontros.
Vi o Jeff - nossa, como eu amo o Jeff. Que falta que ele faz, fazer o que fui mal acostumada, via ele todo dia e o dia todo, agora só vejo esporadicamente. Não supre. Não sana. Sexta é aniversário dele. Festenha, ebaaaaaaa, reencontros, bolo do extra, esfiha do Dunna - Acho que quando todos terminarem a gradução ainda vamos marcar de nos encontrarmos lá na São judas. rs
E vi a estreia do mkt, que lindos. Fiquei tão feliz por eles. Quero vê-los de novo e dizer-lhes que aquele lugar é mágico, stressante, fantastico, chato e incrivel. É uma graduação dentro da graduação. Vou assistí-los milhares de vezes ainda. Trabalho lindo e já é sucesso, eles estão com a agenda cheia até outubro. E nós ainda estamos em abril, acho que esse ano eles batem o recorde de apresentações. Imagine só, todos os dias até outubro, serão.. hum... muuuuitaas apresentações. rs
Saudade daquele lugar!

E os palhaços? Vão bem obrigado! Muito bem. Agora tem novidade. Até pra mim. Que to ainda desacreditando... que não sei o que pensar... e to até feliz por não saber o que pensar... sempre que penso não vou, não faço, não tento. Eita medo que bateu agora. Parei pra pensar!
Tem tanta coisa pra pensar, isso se agente parar pra pensar. Mas acho melhor parar de pensar. Preciso dormir, mas o sono não vem. A música ainda tá tocando. E mais questões. E a culpa é dele, que fica levantando problema quando eu já parei de pensar. Vou dormir, antes que ele invente mais uma coisa. E a janelinha aqui em baixo tá piscando, vou ignorar só um pouquinho. Só pra terminar isso aqui.

Ele deve estar levantando alguma questão. Ele é pior que eu! rs

terça-feira, 27 de abril de 2010

Hoje já é quarta, mas ainda é terça, pq eu não dormi!
Eu queria dizer que: eu queria dizer, mas sei que se eu disser tudo muda e não vai ser mais o mesmo de antes. E eu quero querer... Então, já que tudo muda eu vou ficar muda e esperar. Se der deu, se não...

domingo, 25 de abril de 2010

Vontade

E de repente dá um vontade de dizer: sim! Sim eu olho! Desde já, olho! ou seria ólho! sei lá...
E dá vontade de dizer: Não, chega, cansei. To indo, tchau!

"E de repente muda a maré. Rebenta o fio, finda no mar o caminho do rio... " ♪


A vista do meu quarto...

sábado, 24 de abril de 2010

"...Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." (Clarice Lispector)


H o j ...

O enjoo aumenta. E meus pensamentos não param.
E tudo que eu queria era ficar quietinha em casa. Só queria ficar em casa.
Só queria fazer meus pensamentos pararem e meu estômago não girar mais. 
Queria ficar em casa, comer pipoca, tomar chá e assistir os filmes que estão na prateleira do meu quarto. Pensar em pipoca me enjoa. Preciso de uma lâmpada melhor. Preciso arrumar o quarto e guardar as roupas... 
Preciso de um chão firme, acho que o meu está rodando... Tenho que lavar o banheiro. Tenho que passar aspirador. E minha cabeça parasse estar dormente. E o enjoo começa a confundir minha mente... 
Espero que não seja a vacina. Espero não ficar doente. Quero ficar em casa, mas o telefone toca e tenho que sair. Mas pra quê? A casa é tão segura, a cama é tão menos dura. Paro em frente ao computador e procuro o que fazer. É pra esquecer o estômago e pra enrolar mais um pouco. Não quero me levantar.
A casa gira...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Divagando divagar

Antes que alguém tente encontrar alguma lógica já aviso, nesse texto só há divagações... coisas soltas, muitas vezes sem ligação ou sentido (direção), mas é que foi tudo muito sentido (sentimento), por isso acabou vindo pra cá... Virou texto e alivou a tensão dessa que vos escreve



O músculo do braço direito pulsa sem parar... o olho esquerdo começa também. E eu não entendo. E até entendo. Sabe quando vc sente que começa a sentir o que não devia? Eu sei. Começo a ficar tensa. E o que controlo, meu corpo revela. Os musculos expõem.

Ontem fiquei pensando muito em: quem eu sou? Hoje, sou quem? E não sei!

Estou feliz. Isso é fato. Todos os dias de manhã quero sair dançando, pq eu estou onde eu queria estar, faço o que queria fazer. E quando paro pra olhar pra trás penso que devo ter uns 80 anos, porque minha vida parece um filme. Penso que queria estar também em outros lugares, mas me perguntou se eu deveria estar? Acredito em propósito divino e sei que cada pedra jogada no meu caminho me fez ir mais longe, mas ás vezes fico me perguntando o que eu fiz com tantas pedras... ai divago sobre (e sob) mim. Hoje ao olhar no espelho vi meu cabelo crescendo, lembrei que a dois anos atrás ele ia até minha cintura e lembrei do dia em que o cortei, ali no ombro, bem mais curto do que está. Pensei em como quero deixá-lo hoje.
Lembrei do Tita. Porque ele um dia me perguntou porque eu cortei, ele preferia grande. Nossa, como eu tenho lembrado do  Tita nesses dias. Estou com muita saudade dele. Pessoa que gosto de ter por perto, bem perto, rodeado pelos meus braços. Lembrei de todas as vezes em que nos abraçamos e ele parou pra ouvir meu coração enquanto eu ouvia sua respiração sincronizando com a minha. Sinto saudade dos abraços apertados e dos olhos fechados nele.
E meu braço direito volta a pulsar agora. Não entendo!
Acho que de tanto pensar nele, meus pensamentos o alcançaram e ele resolveu aparecer... ficou um convite no ar. Mas quando tudo se confirmar, prometo (a mim mesma) abraçá-lo muito forte e demoradamente.

Essa foi a semana da saudade, a semana da vontade, a semana dos sorrisos, a semana dos medos, a semana dos anseios, das questões, das conversas, da boa solidão... foi uma semana cheia, bem cheia. E meu braço ainda treme.
Tirei um auto retrato essa semana. Ai lembrei de uma professora da faculdade que me disse, meio profetizando, que dali a uns três anos eu ia me descobrir uma mulher linda... Porque ela sempre me dizia que eu não queria me ver assim, que devia ter medo ou que preferia não ser notada. Ai vi minha foto e pensei em quanto mudei, e em quanto me achei e em quanto ainda tenho que me achar e me aceitar e me assumir. Dizer pra mim que: eu sou eu e não existe nada igual. Gostei da foto. Achei estranha e bonita. Me achei ali.

Ao parar pra pensar agora, olhei pra cima e vi no mural acima de mim as fotos que tirei de Germana e a máscara que fiz no segundo ano da faculdade, aquela que o chico desenhou e eu pintei... (é uma máscara de rosto todo - é uma palhaça de olhos verdes e bochechas rosadas - sou eu, vista por mim e pelo chico).
Ai vem outra saudade, e essa eu não posso suprir.

Saudade é uma coisa tão louca não é? Essa semana falei com uns cinco amigos diferentes sobre encontro. Quero encontrar todos, abarcar todos em minha vida. Não queiro deixar ninguém de fora.
Sinto saudade da Denise, da Leila, da Tássia, da Lígia, da Laís, da Marcellita e da Xúlia. E sinto saudade do Jeff, do Rodrigo, do BÊ-rnardo, do Tita e do Thiago. Sinto muita saudade desses velhos amigos tão presentes (mesmo na ausencia). E quero matar a saudade.
Saudade dói, né? Mas é bom, porque agente só sente saudade do que é bom. Do que nos fez bem. E muita gente me fez bem nesse trajeto de vida.



Essa semana (que virá) quero matar algumas saudades... E quero pensar mais, me entender mais, me perguntar mais. Me impulsionar mais!


Parafraseando Alberto Caeiro, ainda ouso me descrever assim:

"O meu olhar é nitido como um girrassol
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando pra direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança, se ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo..."



http://www.fotolog.com.br/gispereira

domingo, 18 de abril de 2010

O riso é incompátivel com o exercício do poder?

A princípio eu ia dizer que sim. Mas pensando um "tiquinho" a mais reavaliei minha resposta. É claro que o exercício do poder é compátivel com o riso. O problema é que poucos (exercentes do poder) estão dispostos a testar isso. O riso sempre foi ligado a um lado crítico, e é aí que está o "problema": para ser criticado é preciso ter muita confiança em si e também credibilidade. Fiquei me perguntando se conhecia alguém, dotado de poder sobre algo ou alguém, que tivesse o riso ao seu lado. E não precisei ir muito longe.
Atualmente estou fazendo estágio em um grupo de teatro chamado Redimunho, um grupo que cada vez me encanta e intriga mais, pois entre os integrantes do grupo e o diretor há uma relação muito leve e dotada de muito riso. Os integrantes riem das esquisitices do diretor e ele faz o mesmo com eles. As coisas são ditas sem o menor medo, as criticas são feitas de forma muito aberta e tranquila, eles riem do diretor e este ri deles - e é assim o tempo todo. E de modo algum o poder dele sobre o grupo fica abalado por isso. Existe muito respeito nas relações.
As pessoas que tem medo de perder seu poder julgam o riso como algo perigoso e preferem e extinguí-lo, proibí-lo, censurá-lo ao invés de lidar com ele. As grandes ditaduras mundiais provam isso. Os homens que detinham o poder não admitiam serem satirizados ou mesmo questionados. Nesses casos o poder era preservado a ferro e fogo, não havia espaço para pensamentos contrários as essas "autoridades" totalitárias. Os pensamentos deviam seguir um mesmo caminho e qualquer fio de idéia contrário a ele devia ser podado. Em uma democrácia deve haver espaço para reflexão, logo deve haver espaço para o riso - falo do riso nesse sentido critico, que leva ao pensar, ou melhor, ao re-pensar a realidade. Na ditadura brasileira a grande arma eram as charges (herança que ainda vemos pingadas em nossos jornais). Agora, no Brasil parece que esse riso, reflexivo e critico, voltou a calcar seu espaço, o que não tem agradado muito os poderosos da político atual. Vemos nas telas da tv esse humor ganhar mais espaço e audiência com programas como o CQC; voltamos a ser chamados a repensar nossa realidade. Que bom!
O humor volta a assumir seu lugar critico, apesar dos protestos.

sábado, 17 de abril de 2010

O guia na montanha

Não gosto das entrelinhas. Hoje não!
Tenho preguiça de lê-las.
Não quero decifrar, quero a verdade escancarada.
Não gosto de meio termo. Ou é, ou não é.
Basta de reticências e intermediações.
Queria dançar um tango. A valsa... bem, eu gosto da valsa. Mas hoje quero um tango.
Inquieta, o sono não me deixa dormir. E o pensamento voa. Mas meus pés estão aqui. Parados.
Mas minha mente está voando... meu corpo não é o bastante. Essa vida nunca será o bastante.
Queria perder o folêgo, ser raptada dessa atmosfera por outra que me fizesse parar de pensar.

Andar de olhos fechados... prazer.
É ter que confiar e esquecer de se preocupar com você. É se entregar de corpo todo e acreditar que o outro tem bons olhos, melhor que os seus. É preciso não tentar decifrar. Só aceitar. Deixar-se ser levada... onde? Em uma montanha ingreme, cheia de detalhes inimagináveis, onde o sol se põe. A bicicleta passa aqui do lado. Uma mulher de salto alto, apressada passa rápido. Um homem com pressa. Um rapaz com um chaveiro na mochila. Um homem que me galanteia na escuridão e perde a face diante de mim. Um ou dois curiosos me param.

O cheiro do vento. O cheiro de sujeira na rua. O cheiro da árvore. O cheiro de um bom perfume de alguém que passou aqui bem perto. O cheiro de cabelo recém lavado. O toque que me guia com cuidado e carinho...
Quanto mais você confia, mais longe vai. Mais alto sobe. E pula lá do alto. (Se quiser, só se quiser)

Eu ainda quero subir. Ainda quero confiar e não ouvir tantas vozes, quero só ouvir o vento e sentir os vários cheiros que ele traz. Com-fiança.
Quando guiei... des-confiança... queria ter levado mais longe... mas agente só pode levar alguém na montanha se esse alguém quiser subir também. Ficamos no quase. Quase fomos lá... Não foi? Agente ás vezes tem medo demais. O medo nos impede de ir mais longe e até de ser, de estar, de permanecer ali, de olhos vendados e espirito aberto. É dificil confiar nos olhos e nos passos de um outro alguém... Mas vale a pena. Há muito pra se ver pelos olhos e pelos passos do outro.




"A diferença entre o extraordinário e o ordinário está no extra, essa pontinha de dedicação a mais que você se dedica..."


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Refletindo acerca de 2008... o ano da Rosa

Agora há pouco resolvi olhar um album de fotos, fotos antigas, mas nem tanto... Fotos de um tempo em que eu me descobria crua e infinitamente indefesa. Época em que eu tentava entender quem eu era e como havia chegado ali. Alias COMO foi a palavra que eu mais ouvia nesse tempo, e houve muitos PORQUES. E foi graças a isso que eu estou aqui. Foi o ano do choro. Foi ano de grandes conquistas e uma lastimável e inesquecivel perda na minha vida. Nesse ano de grandes descobertas e buscas o Chico, meu melhor amigo, foi chamado aos céus. Então eu tive que aprender a lidar com a morte e a estar em uma peça que falava de morte. O texto que sempre me comoveu pelo tema, passou a ser uma dor e também um escape. Todos os dias eu dizia Adeus em cena, e todos os dias eu me lembrava da importância de estar naquele lugar.
Acho que 2008 foi o ano mais marcante na minha vida. foi marco mesmo, as coisas se resumem em Antes e Depois de "A rosa do povo" (espetáculo do qual eu fazia parte).
Drummond sempre foi meu poeta favorito e não é que nesse instante ele também marcou fundo.
E é claro que não posso deixar de mencionar nas pessoas que estavão ao meu lado, os meus maiores e melhores amigos foram cultivados nesse processo. Perdi as contas de quantas vezes eu pensei em desistir e de quantas vezes eu tive braços e abraços amigos pra me amparar.
Nunca me esqueço do primeiro ensaio que fizemos depois da morte do Chico. Estavamos passando a 9º cena da peça, e pra quem não conhece o texto eu só posso dizer que ele lida com a morte, a perda, a dor, o medo e a vida no meio disso tudo, bom... quando fizemos a 9º cena, em que me despedia de um irmão que ia em direção a morte, o meu mundo desabou, porque eu não via mais aquele personagem, via meu amigo... que foi... sem ter tido oportunidade de dizer adeus. Nós fizemos planos juntos que nunca pudemos cumprir e isso me derrubou. Como alguém tem um infarte aos 19 anos? Até hoje não consigo entender.
Bem, eu consegui terminar de passar toda a peça. Antes da luz do ultimo black-out ser acessa eu abri a porta do teatro e corri... só me lembro de correr e chorar... e depois de ouvir batidas na porta do camarim... ai vi a Cris e o Jeff... e ouvi as palavras que sempre carrego comigo:
"O chico torcia pra você estar aqui, ele vibrou com você quando você passou. Não desiste agora, por favor, não desiste!" O que se seguiu foi um abraço apertado e molhado, porque eu só conseguia chorar... e eles também choraram... Então sempre que eu tenho saudade e ela vem em forma de dor eu me lembro desse dia. E aí eu choro (como estou chorando agora ao lembrar), mas é um choro de dor e amor; de saudade e contentamento. Porque eu sei que esse ano, 2008, me deixou marcar profundas. E mesmo a partida me trouxe coisas boas. Eu ainda tenho saudade. E ainda choro. Mas esse sentimento nunca mais me paralisou, porque eu sei que ainda há o que viver e sei que nunca estarei sozinha nessa jornada.
A Rosa do povo (como peça) acabava com um texto sobre o Chaplin... aquele que ousou ser mais do que a dor da época (1943 /1945) lhe permitia ser. Ele foi além.
E eu continuo indo além da dor e dos medos.

Hoje faço aula de clown e não há um dia sequer em que eu não pense em como seria bom compartilhar tudo isso com o Chico. Mas também não há um dia em que eu não agradeça a Deus tudo o que vivi, mesmo as coisas tristes. Sou quem sou por conta disso tudo.

Termino aqui com um poema dessa grande poeta mineiro, Carlos Drummond de Andrade, esse poema é parte do livro A rosa do povo, e era ele que usavamos na tal cena 9 de que falei.

A flor e a náusea
"Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias, espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
 Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas.
Que triste são as coisas, consideradas em ênfase.

Vomitar este tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam pra casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam
anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens macias avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio"

domingo, 11 de abril de 2010

Cositas de la (v)bida...

É estranho, eu tenho tanta coisa pra falar, mas acho que falta quem queira ouvir, eu nem sei se quero falar com alguém, talvez porque eu ache que isso não interessa a ninguém. Acho que sempre acho isso... sei lá...

Outro dia vi o ciume nos olhos de uma amiga. Achei absurdo, mas isso só confirmou minhas suspeitas. E eu não sei o que fazer. Não sei como agir. Tem coisas que só fazem afastar agente, não é?

Queria poder compartilhar certos sonhos. Mas to sem a menor paciência pra ouvir desaforo. Parece que tem gente que marca agente pra fazer comentários. Não to com raiva de ninguém, pelo contrário, eu estou muito feliz com tudo e todos. Esse ano minha postura com quem me enche é:
-Ai, agora não... passa mais tarde!

Tem dado certo, ninguém conseguiu tirar meu bom humor com a vida. Tá tudo indo muito bem, obrigada! Só falta um detalhe, mas esse ainda vai acontecer... é só detalhe. Hoje eu ouvi algo muito bom sobre isso. Me animei. Voltei atrás pra poder ver melhor o que está lá na frente.

Ás vezes é preciso olhar pra trás e é sempre bom olhar pros lados.
Olhar... tá aí uma coisa que tem me feito muito bem. Tenho olhado tudo e todos. E tenho olhado bastante no espelho, e tenho gostado do que tenho visto.

"Felicidade se encontra nas horinhas de descuido" (Guimarães)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Anhangabaú

Já parou pra pensar nos meninos que dormem naquele viaduto que passa por cima da Nove de julho??
Eu penso neles todos os dias. Porque não sei o que fazer. Porque queria muito fazer algo. Porque eles me intimidam e geram compaixão. Porque eles não fazem cara de coitados, mas são eles que enfrentam as mazelas do dia a dia dessa nossa SP.
Todos os dias eu os vejo brincando, rindo, dormindo, comendo...
Sabe esse frio que tem castigado SP??? Pois é... eles ainda estão lá na rua quando esfria assim. E sabe a chuva? Ela cai sobre a cabeça deles, molha os finos cobertores e me faz pensar mais ainda.
O que é que eu posso fazer??? Porque eu quero fazer!
Mas o que?

Todos os dias eu os vejo naquele lugar... e nada muda...
O lugar é cercado por casas antigas e os meninos de rua já fazem parte de lá... tem gente que nem os vê mais. Mas eles ainda estão lá. Nunca me pediram nada. Ás vezes fico com medo. Mas quando os vejo tão sós e desprotegidos na rua, me lembro que são só meninos. Um deles não tem uma perna. Anda de muleta. Alías, não anda, ele pula!
Nesse frio penso mais ainda. Como foi que eles chegaram ali?
Muitos cheiram cola. Todas devem usar algum tipo de droga. A vida na rua não parece ser fácil. E os meninos disputam lugar com os homens de rua, que um dia devem ter sido meninos também.

Queria fazer alguma coisa pra mudar isso ou ao menos amenizar. Todos os dias penso neles. Porque todos os dias eu os vejo pela rua, é sempre a mesma rua... e nada muda.