segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ser-me

Hoje conversava com uma amiga e lhe disse:
-A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena!
Ela ficou em silêncio e depois me disse:
-Ah, tá... você tá falando de você.

Ai percebi o quanto tenho falado de mim. E o quanto tenho me feito mal. E o quanto guardar magoa só faz agente se machucar mais... Eu não guardo a mágoa pelo que ela me fez. E já faz tempo que não guardo.
Confiar é outra coisa...
E eu to bem! Que fique claro!
No sábado percebi o quanto precisava parar o mundo pra me olhar... E o mundo parou, entre o sábado e o domingo eu consegui enxergar meu lugar no mundo. E é um lugar bem bonito e alto. E como é alto é dificil de chegar e muito dificil de permanecer. Mas é onde eu quero estar.

Eu não quero magoar ninguém, dizer desaforos pra ninguém... chega disso. Pode parar!!!
Eu não vou entrar nessa de novo... acabei de sair de uma idiotisse assim, não vou entrar em outra tão cedo.
Sabe o que percebi? Que desde o anjo* do ano passado eu meio que só levei porrada... mas eu estou ficando cada vez melhor nisso. Isso ignorando meu surto psicótico desse ano. rs

Sabe, eu não sou assim... impulsiva. Tenho que achar a medida disso ainda.
Nem tão mental e nem tão sentimental. To aprendendo a me dosar. To aprendendo a ser-me.

Tem um monte de coisa que eu quero e preciso arrumar na minha vida... Entender pra onde eu quero ir agora é o segundo passo, o primeiro era entender onde eu estou nesse momento... tá, eu entendi, agora... pra onde quero ir mesmo?

Tanto a se pensar, tanto a se viver... Quantas escolhas, quantas possibilidades. Mas realmente o que me move??? E pra onde move???

Assuntos da vida como um todo - e não só de uma parte dela.
Porque eu vi pessoas no sábado que me provocaram a pensar.

E a luz apagou... e a ciranda não parou!




Na vitrola: Até parece loucura
Não sei explicar
É a verdade mais pura
(...)
Mas dizer a verdade
É melhor que mentir...

domingo, 30 de maio de 2010

Deixa a Clarice falar...

To com preguiça de escrever... tenho um monte de coisas pra dizer, mas to com prequiça.
Ainda quero escrever um texto aqui falando da Sambada no brincantes... lembrar me arrepia a alma. Foi fantástico. Mas hoje não to com vontade de escrever, em compensação to lendo muito. Alimentando a alma!
E por hoje, deixo que Clarice fale por mim, desse meu momento de vida.
Afinal a vida é uma sucessão de acontecimentos! E acontecimentos são momentos!

"Abro o jogo!
Só não conto os fatos de minha vida:
sou secreta por natureza.
Há verdades que nem a Deus eu
contei. E nem a mim mesma. Sou
um segredo fechado a sete chaves.
Por favor me poupem".


"...É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo...
Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre"

"Como se eu procurasse não aproveitar a vida imediatamente, mas só a mais profunda, o que me dá dois modos de ser: em vida, observo muito, sou "ativa" nas observações, tenho o senso do ridículo, do bom humor, da ironia, e tomo um partido. Escrevendo, tenho observações "passivas", tão interiores que "se escrevem" ao mesmo tempo em que são sentidas quase sem o que se chama de processo. É por isso que no escrever eu não escolho, não posso me multiplicar em mil, me sinto fatal a despeito de mim".


"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos."

 "E ela não passava de uma mulher... inconstante e borboleta".



Nessa vida nada é acaso...


sábado, 29 de maio de 2010

Coisas que o cinema ensina...


La vita... non è comme il cinema... La vita... è piu difficile....
 


"Ninguem vai bater mais forte do que a vida... Não importa como você bate e sim o quanto aguenta apanhar e continuar lutando;  o quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha..." (Rocky)


"Ás vezes para fazer o que é certo devemos desistir daquilo que mais queremos, até de nossos sonhos". (Homem Aranha)

"No coração do homem, existem dois lobos que vivem em constante conflito: um é o Amor,o outro é o Ódio. Vencerá aquele que mais for alimentado."(Desbravadores... e muitos outros)


"Muita gente não sabe o que tem nas mãos e também não sabe o que quer" (A arte do crime)

"Cedo ou tarde é preciso acordar!" (Avatar)


"A vida é uma tormenta jovem amigo, você se aquece ao sol em um momento e é jogado as rochas no outro. O que faz de você um homem é sua reação quando vem a tormenta". (O Conde de Monte Cristo)

"A vida é uma coisa engraçada, se você deixar, ela vai sozinha, como um rio. Mas você também pode botar um cabresto e fazer da vida o seu cavalo. A gente faz da vida o que quer. Cada um escolhe a sua sina. Cavalo ou rio." (O Homem do Ano)

"Fomos feitos um para o outro e não fomos. É uma contradição." (Barcelona)


"Um homem conta suas historias tantas vezes que se mistura a elas e elas sobrevivem a ele, e é desse jeito que ele se torna imortal!" (Peixe grande)

"Há apenas quatro questões na vida. O que é sagrado? De que é feita a alma? O que vale a pena ser vivido e qual é o motivo pelo qual vale a pena morrer? A resposta é a mesma para todas: apenas o amor". (Don Juan de Marco)

"Bem, vá para casa. Descubra. Descubra aquela coisa que torna você uma pessoa única... Fique atenta àquele sinal de que não haverá mais nada igual." (P.s.: Eu te amo)

"Esta é minha única vida... e é maravilhosa e terrível, curta e interminável... e ninguém sai dela com vida." (P.s.: Eu te amo)

"H: Não tenho planos, Gerry.
G: Tudo bem amor. Seus planos nunca dão certo mesmo.
H: É verdade."
(P.s.: Eu te amo)



"Afinal de contas amanhã é outro dia"  (E o vento levou)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

É bom camarada, é bom camarada... é bom, é bom, é bom!

É tão bom se sentir abraçada, abarcada, ninhada, cantada, ninada e protegida.
É bom ter pessoas querida ao seu redor.
É bom ter braços te circundando num grande abraço.
É bom ter gente te oferecendo auxílio (para qualquer coisa que você queira)
É bom comer caqui e é melhor ainda comer queijo! (poucos entendem - só um, ou melhor, uma entenderá)
É bom ganhar beijo na mão, no rosto, no ombro...
É bom ganhar um grande sorriso
É bom ganhar um abraço apertado e cheio de carinhos
É bom ouvir que você está linda
É bom ouvir que você agrada
Mas é melhor ainda perceber / sentir que você agrada e que o abraço está cheio de carinho, que o sorriso e o olhar dizem mais do que as palavras estão dizendo. E melhor ainda é perceber o olhar entregando as reticências... Notar que qualquer coisa vira pretexto pra estar ali. E é bom perceber isso, e saber exatamente o que você está fazendo ali. As segundas tem sido assim... e muitos outros dias também foram assim, e ainda muitos outros dias serão assim... e até melhor. "Felicidade se encontra nas horinhas de descuido" mesmo.
É bom estar cercada de pessoas especias; se alongar falando baboseiras (roupões azuis, secadores e massagens) e se alongar falando sério (analisando os movimentos) e é muito bom viver esses momentos em dois lugares diferentes e perceber que em ambos você está (muito) bem acompanhada.
As siglas USJT e PFPJ vão ser marcos. E quando eu fizer um "lembrar se" daqui a um tempo, direi que esses foram pontos cruciais da minha estrada.
Já dizia Chaplin, naquela época em que ele disse isso:

"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso".

Aprender é um prazer imenso... e ainda mais quando tem um monte de gente legal te oferencendo auxílio!!!!
De mestres a amigos de aprendizado... eu sou realmente muito sortuda em todos os meus passos nesse ramo.
E amanhã tem sambada... e vou dançar, cantar, tocar, pular, ver gente interessante, engraçada e bonita. Mais um lugar em que as pessoas brilham muito e me encantam.
-Posso cantar você? Digo, cantar pra você?
-Claro, canta ai...
-"Eu já falei com os olhos..."


Muito queijo e caqui pra alegrar o sábado!!! 
E tocar, tocar é bom!!!!



Pra acabar, compartilho umas boas mensagem de carinho que recebi e me fizeram ser um tiquinho mais feliz:

"Que você encontre felicidade no descuido e no cuido. Há felicidade em cada cantinho da vida e no meio também. E quando bater a tormenta recolha as velas para não tombar e depois levante-as novamente para aproveitar o vento.Não esqueça de cuidar da alimentação, dormir o recomendada pela OMS, fazer atividade física e rir...
Levante quantas vezes for necessário. Nunca pare de acreditar. Lute e lute novamente.
Saiba a hora de fazer o certo e a hora fazer o "errado" certo. Afinal nem sempre podemos dormir as oito horas (tem hora q é melhor ir ver os amigos em uma balada, mesmo tendo q virar o dia). Nem sempre levantamos da cama para ir fazer alguma atividade (tem horas q o cobertor quentinho e a melhor pedida). Nem sempre queremos rir (alguma lições da vida no inicio não parecem alegres e ficar sério as vezes é um bom charme). Nem sempre dá para seguir as mil e uma dicas de alimentação do mundo moderno (de vez em quando se entupa de doces).O mais importante da vida é viver. De tão obvio alguns acabam por esquecer por completo, outros por alguns momentos e raros anjos nunca esquecem (tô falando de vc)".
 Thiago Ribas

"Saudades marinheira...
...se pudesse viajar com a mesma velocidade da Luz, a essa hora estaria celebrando contigo esse Momento tão especial!
Como não posso estar ai...fisicamente...
estarei de outras formas...
Como já disse O meu corpo não possui o Dom da velocidade da Luz...
Mas o MEU carinho,Ahhh! esse eu garanto!
Sinta-se abraçadA,
Sinta-se Beijada...
Saiba e sinta...os meus sinceros Votos...
Desejo q ao renovar este Ciclo..Não só os 4 elementos mas toda energia q mantém este Mundo em movimento (no Espaço)...influência ainda mais o seu crescimento...e que sua história se perpetue por muito tempo....(Nesta Era)Com a Benção de Deus.

Bjos Gis-da Alegria, Menina Q contagiaaaaaaaa"
(Val)



É bom camarada, é bom camarada, é bom, é bom, é bom, ééééééé booooooommmm!!!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A ciência; o progresso; noções, conhecimentos...

Pra ver a vida por um outro angulo, bem mais rosa:
http://www.youtube.com/watch?v=y4HL_WN3DLM&feature=player_embedded#!

Cris, querida, eu vi seu e-mail, amanhã te explico tudo o que aconteceu. Eu ri lendo, porque te imaginei toda brava dizendo. Concordei com tudo que você disse, mas relaxa... eu também não engoli nada! Não faço mais isso!!!
Eu tinha razão, você tinha razão... e aquele texto que eu escrevi, acredita que eu perdi? Acho que não salvei... ai ai... tudo bem, melhor assim. To adotando outra postura agora. 
Tá tudo bem... e quanto ao Tetê, pede pra ele me ligar, eu aceito tomar um suco de caqui com ele. rs


"Elefante cor de rosa se dá bem!
E vamos por aí... comendo queijo, caqui e um pão, neném!"


 

Subindo na pedra mais alta


Agora, sobre coisas "sérias":
Hoje vim pra casa lendo O corpo tem suas razões - da Thérèse Bertherat. Porque eu gosto muito desse livro e to querendo aplicá-lo de novo em mim. Essa casa onde eu moro tá merecendo um carinho! ; )
Me debrucei sobre algumas coisas do livro:
  • Ser é nascer continuamente. Mas quantos deixam-se morrer pouco a pouco, enquanto vão se integrando perfeitamente às estruturas da vida contemporânea, até perderem a vida pois que se perderam de vista?
  • Quando renunciamos à autonomia, abdicamos de nossa soberania individual... Se reinvindicamos tanto a liberdade é porque nos sentimos escravos; e os mais lúcidos reconhecem ser escravos-cúmplices.
  • Nosso corpo somos nós. É a única realidade perceptível. Não se opõe à nossa inteligência, sentimentos, alma. Ele os inclui e dá-lhes abrigo. Por isso tomar consciência do próprio corpo é ter acesso ao ser inteiro... pois corpo e espiríto, psíquico e físico, e até força e fraqueza, representam não a dualidade do ser, mas sua unidade.
 Isso me fez pensar em tantas coisas... principalmente nas aulas do PFPJ e da querida Rita Celentano. Eu to conseguindo fazer uns links muito bons pro meu trabalho, daí que está nascendo uma necessidade de voltar aos meus trabalhos da São Judas, aos meus cadernos, ao meus livros... repensar tudo.
Estava conversando com uma menina do PF e percebi o quanto consigo ver o mundo com mais calma e clareza hoje. Maturidade é algo que vai se construíndo aos poucos mesmo! Me lembro das primeiras aulas de expressão corporal da Ana Wuo... exaustão!!!!! E lembro daquela bela conversa com a Juliana Jardim no ultimo dia de aula... 23 de dezembro e nós ainda na faculdade, pra variar fomos os últimos a sair do prédio.
Tô devendo uma devolutiva / apreciação pra Jardim. Tava lendo as coisas que ela falou pra mim naquele dia... o que mais me lembro é da palavra SAGAZ (porque ela repetiu-a muitas vezes).
Sinto saudade das pirações da Jú Jardim, dos laboratórios, das questões, da pedagogia, dos trilhões de trabalhos pra fazer, livros pra ler, peças pra ver... confesso que não sinto falta de sair as 23h da USJT e ainda ver a cara dos seguranças mal humorados querendo nos expulsar... rs

Todos os dias tento me lembrar de:
-Fazer a diagonal (Rita)
-Perceber meus pontos de tensão e soltá-los
-Respirar e acalmar o que estiver tensionado
-Fechar os olhos e abrir primeiro me vendo, vendo o espaço entre eu e o outro e depois, só depois, ver o todo... "Se eu não estou comigo, como posso querer estar com os outros?"
Lembro da Jú dizendo / apontando / provocando... nos preparando pra caminhada fora de suas asas. Alguns apontamentos do ultimo ano no meu caderno:
  • "Se não sei pra onde vou, mas sei de onde vim, eu não me perco!" Sempre refazer o caminho de volta
  • Buscar RISCOS! Estar disponível para mudanças. Tudo é provisório! Quando fecha vira forma e a forma é morta! "Tem alguma vida aí?"
  • O ator que não se concentra em si, não se concentra em mais nada. Quando me concentro em mim, posso então me concentrar em qualquer coisa.
  • O pássaro que bica e o pássaro que observa! - Essa era a clássicaaaaaaa!!!
  • Aquecimento - do frio para o quente. Qual atmosfera necessito?
  • Aquietar! Ser-se (sem o querer)
  • Butô-ma - Kagano (a trajetória sendo levada pelo músculo)
  • Se eu perdesse tudo; o que eu salvaria?
  • O que a criança nos oferece / nos lembra para o ofício do ator?

Preciso resgatar um monte de coisas...
E ter mais conversar metafisicas, meteoricas, metateatrais com a Jardim! 

terça-feira, 25 de maio de 2010

Me relendo pra tentar entender...

 

Assim eu disse certa vez:

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Divagando divagar

"Antes que alguém tente encontrar alguma lógica já aviso, nesse texto só há divagações... coisas soltas, muitas vezes sem ligação ou sentido (direção), mas é que foi tudo muito sentido (sentimento), por isso acabou vindo pra cá... Virou texto e alivou a tensão dessa que vos escreve!"

E continuo achando o mesmo... nem sempre o que escrevo tem lógica - não essa lógica cartesiana.
Me cansa tentar conversar e acabar fazendo um monologo.
Desisto!
Então venho pra cá...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Penso, logo canso!

"É preciso água pra limpar. É preciso água pra trasformar... Mudar de forma!"

Eu ainda to tentando assimilar, entender, transmutar tudo, ainda to confusa...
"-Bem, vá para casa. Descubra. Descubra aquela coisa que torna você uma pessoa única. 
Eu vou ajudar. Procure um sinal... 
Portanto aqui vai meu grande conselho: 
Fique atenta àquele sinal de que não haverá mais nada igual"


E ainda quero ir a Veneza
E quero ir a Irlanda... (os campos na foto são de lá!)
"-Todos os irlandeses cantam?"
E quero morar sozinha num lugar distante, pode ser a Irlanda
Quero fazer aula de tango e (talvez) salsa também.
Quero ir a Israel.
Quero ir a África.
Quero tomar banho de chuva com um vestido, de tecido bem leve, que me deixe sentir a chuva...
Quero dançar no meio da rua
Quero me olhar no espelho e dizer que não tem nenhum problema em ser assim... e quero poder ouvir isso.
E quero ouvir dos meus pais que eles se orgulham.
Quero pular de bung-jump e de para-quedas.
Quero fazer parada de mão e abrir espacate
Quero um girassol com um bilhete bonito
Quero ajudar a escrever uma música, pra mim e pra quem quer que também queira
Quero sorrir e abraçar sem medo
Quero ouvir todo e qualquer segredo
Quero
E quero...
Quero tantas coisas.

Querer não é poder. Existe uma ponte entre um e outro. Existe??? Não, não existe.
Nós é que temos que construí-las.
Mas eu já tô tão cansada de contruir pontes... sempre vem alguém pra derrubar.

"O que eu choro é água com sal!"
Amanhã já há de ter passado...
Amanhã é dia de sol no céu!

domingo, 23 de maio de 2010

2.3 oficialmente!

"Hoje não preciso de quem me diga aonde ir, apenas de quem queira caminhar junto."

"Haja palavra pro que eu não digo. Haja instinto e haja saída, pra tanto labirinto..."

Meu aniversário é sempre um dia em que gosto de parar pra pensar.
Ter uma crise de um quarto de vida - como disse o personagem do filme de ontem, aquele que não terminei de assistir, mas que já gostei.
Pensei em tantas coisas essa semana, tive mudanças bruscas de humor, não me entendia: num dia plena e no outro confusa, saudosa...
Sabe o que era? TPM! Éééééé... eu não escapo dela nunca. E o mais engraçado é que dessa vez eu não tinha percebido, pensei que minhas dores musculares fossem outra coisa, pensei que minha raiva fosse outra coisa, pensei que minha vontade de solidão fosse outra coisa. E no fim era a mesma coisa de sempre! 
Agente faz uma idéia da vida que não correspondem aos fatos.
Tem um monte de coisa que quero arrumar na minha vida, entre elas: minha própria vida!
Essa semana recebi uma proposta que mexeu comigo. E recebi uma crítica que mexeu comigo.
E recebi um elogio que... mexeu. Recebi um tapa que... doeu.
Recebi um abraço, um perfume, um beijo, um afago, uma conversa a três, um pijama, um sutiã de renda, um porta treco, um convite, uma mensagem sms, um aviso, um ombro, um sorriso...
Quanto presente!!!
Mas o que mais mexeu comigo essa semana foi perceber que eu estava perdendo o prumo... deixei algumas coisas importantes de lado. E agora tem que correr atrás... não é, meu bem?
E dá pra entender essa vida???
Dá não, seu moço.
To preferindo vivê-la, mesmo sem entender.
Só que agora tô voltando a escolher melhor as direções... que coisa mais filosófica, não é? 
Aniversário é sempre época de auto DR pra mim... e é bom. Fico mais consciente de mim mesma.
Lembrei que eu queria viajar, pra um lugar bem longe. Lembrei que eu queria sentar sob a lua e olhar as estrelas... Lembrei que faz tempo que não vejo uma estrela cadente. E que faz tempo que eu não choro na chuva. 
Fazia tempo que eu não me olhava dentro desses muitos universos em que vivo. Porque se sou uma aqui, ali tenho que ser outra... e eu to tentando descobrir quem eu sou de verdade no meio disso tudo.

Esse 2.3 do título é pela minha idade, recém completada... não é uma daquelas fases... Aquelas fases das quais falei em outros posts acabaram. Porque não faz sentido. E nem dava pra fazer... Apesar de ver o quanto faria. A vida é feita de escolhas. E ás vezes fazemos uma escolha que só serve pra gente ver que o universo pode conspirar a nosso favor, mas que se não colaborarmos toda a água vai escorrer pelo ralo. Eu tenho a sensação de que... bom... deixa pra lá... é melhor segurar essas quase falas
Agente ainda vai ver isso lá na frente. É coisa pra ser pensada bem lá pra frente. Agora seria besteira e só.

Já parou pra pensar no tempo dividido juntos? 
A vida é uma susseção de fatos e escolhas, detalhes, momentos, querenças, oportunidades e vontades.
"A vida é boa medida irmãos, vivamos o tempo!" Já dizia Drudru.
Ouvi alguém me dizer essa semana: "Eu não sei não... fagulha mal apagada... "
Tem coisa que não é oposição... é contrário... 
Opa... acho que preciso daquele meu amigo Aurélio aqui... ele me é tão útil sempre!
E a vida segue maninhos. E quem segue ela de perto? 
Ás vezes sigo o não sentido das coisas. O quase sentido. As quase falas entaladas desde antes... os pensamentos pontuais e soltos... Aquilo que é mais do que palavras... é algo dito no não dito. 
É um detalhe, um cuidado... um "epa, quase..."
A vida ás vezes faz todo sentido, e outras vezes: sentido nenhum!
Esse é meu momento: é um "sei lá"! 
O melhor é deixar o tempo passar. 
E tentar não ser tão Flora. Porque fco MUITO tentada a sê-la. 
Opa... acho que acabei de ser um pouco assim, não fui?

"Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, mas a poesia (inexplicável) da vida." (Drummond)




'Sentindo o sol daquela velha canção 
Que aquece o coração
E agrega mesmo dizendo não
E no silêncio busca minha mão'


(Porque as coisas rimadas, ás vezes dizem tudo sem dizer nada. Perceba!!!)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Já falei... ♪

Pra acabar o dia bem... ouça! 
 
http://www.youtube.com/watch?v=lub4zGYxkGE&feature=related
 
 
 
Essa música merece um clip!  
(Que já está em fase de construção!!!) =P
 
Afinal, quem canta seus males espanta! E voa mais alto e mais longe também! 
 

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Um dia de barco...

"O pensamento só começa com a dúvida"
(Martin Du gard)

"Longa é a viagem rumo a si próprio;
inesperada é sua descoberta."
(Thomas Mann)



Um dia na vida de um barco
Certa vez eu vi um barco atracado na beira de uma praia
Ele estava lá, todo colorido... parecia convidar o vento pra dançar.
Estava atracado, mas se via completo, pois exercia sua primordial função: 
apenas ser-se barco!
Se construia dia a dia e esperava... e só ele e o céu e que sabem o quê!
Naquele dia o sol brilhava revelando todas as cores do céu e do mar
Era um infinito de azul pra todos os lados
O mar brincava sobre a areia da praia e desaguava ali, bem pertinho do barco...
Ao cair da tarde o mar foi aos poucos se aprochegando daquele barquinho...
Primeiro tocou o barco só com seu hálito de mar
Depois deixou que sua espuma tangesse o barco
E esse apenas se deixava tocar, não tocava, só dançava
E assim... sem que se percebesse foi deixando-se levar... 
E quando percebeu-se já estava em alto mar
Então levado pelas ondas resolveu-se: 
seria barco a deriva mesmo!
Afinal, já estava molhado, não podia (e nem queria) negar.
Levantou sua âncora e deixou-se guiar.
E então... o mar...
parou!

Não fez ondas, 
não fez nada, 
parou suas águas!

E deixou o barco a deriva, 
sem saber pra onde ir...

O barco confuso resolveu-se por voltar pra praia
Pegou seus remos e se lançou em direção a areia...

Então o mar, impetuoso como é, resolveu ninar o barco
E entre ventos, ondas e tormentos o convenceu a permanecer ali
Navegando
O barco, mesmo confuso, aceitou o convite do mar... e ficou ali, 
pronto pra navegar... barco bobo!
O vento parecia dizer-lhe que voltasse
Mas ele, em sua natureza cega de barco, içou as velas e foi um pouco mais longe
Virou-se contra o vento, seguiu o som do mar

Mas esqueceu-se que o mar é imprevisivel e então, antes que duas brisas passassem...

O mar baixou sua maré, assim sem mais nem menos, 
Abrandou as ondas
e se calou!

E sem explicações ou mapas o barco se viu no cais... 

Assim mesmo
Sem nenhuma bússola

O barco estava no cais,
atracado!

E ao olhar pra trás viu o mar se encolhendo... sumindo... virando marola...

As ondas do mar se revolviam... sem direção... sem voz... sem cor...
Partiu-se o azul... 

O barco só conseguia ver as cores do céu, um vermelho - em anúncio de tempestade 
Mas o céu se abrandou - sempre se abranda...
Ficou azul
um infinito azul
O barco não via o mar... talvez porque não quisesse
ou talvez porque quisesse muito

E o mar ainda estava ali... tocando suavemente a proa do barco
E o barco...
o barco sentia, mas preferia não sentí-lo
Preferia só olhar o azul do céu...
Porque o mar, em fúria e impeto, quebrou-lhe algumas tábuas
E isso precisa ser concertado
O barco ainda é tocado pelo mar, e o toca... ele sabe que toca

Mas por hoje o barco fica no cais.
Está ali parado. Bem rente as ondas
Tem dois remos ao lado
E pra quem quiser ver: é aquele barquinho colorido, que tem sua proa apontada pro sol
Está sozinho... mas logo vai pro rio, viajar outras águas, porque o mar ficou salgado demais pra ele.
Ele prefere ir pra águas mais claras, nitidas e constantes

Mas água é sempre água
E o barco já se ve...

Barco não se vê, não se enxerga, não é? Eu é que vejo o barco.
Vejo mar...
Vejo céu!
Barco é só barco!!!
 Fase 2.2: Continuo falando... quando na verdade eu deveria calar!



VERDADE:
sf (lat veritate)  Aquilo que é ou existe iniludivelmente. 
 Conformidade das coisas com o conceito que a mente forma delas. 
 Concepção clara de uma realidade. 

 Juízo ou proposição que não se pode negar racionalmente. 
 Conformidade do que se diz com o que se sente ou se pensa. 

 Representação fiel de alguma coisa existente na natureza. 

Meia verdade: afirmação parcialmente verdadeira ou parcialmente urdida, de modo a iludir pessoas ou escapar a críticas. 
V. verdade: a verdade primeiro que tudo; diga-se a verdade, salve-se a verdade.  
Dizer a verdade nua e crua: falar sem ambages, sem disfarce, sem rodeios. 
Dizer as verdades a alguém: a) expor abertamente o que se sabe ou se julga de alguém; 
b) criticar sem medo; 
c) manifestar os defeitos ou as faltas de alguém. 
Ser a pura verdade: ser a verdade clara e positiva, ser a verdade incontestável.  
Ser a verdade em pessoa: nunca mentir. 
Tirar a verdade a limpo: averiguá-la. 
Valha a verdade: diga-se a verdade. 
Verdade é que: na realidade.



terça-feira, 18 de maio de 2010

Divagar divagando sob mim... nesse estado de ser.

Tenho um humor meio negro... estranho.
Dou risada de coisas que outros não riem
E não to falando de piada
to falando da vida mesmo.
Eu rio dos meus dramas.
E rio de mim
E vejo riso no choro
A vida é muito absurda pra ser levada tão a sério...

Leve
Me leve...
Nas asas da borboleta leta
que borbole bole
Sol que gira sole
Sole mio amore...

Lembrei agora... e ri! Aula de voz... unissono.
E quanto besteira cabe em mim, viu...

Imersa em mim - só, em mim!

No princípio era a poesia. 
No cérebro do homem só havia imagens... 
Depois vieram os pensamentos... 
E por fim a Filosofia, que é, em última análise, 
a triste arte de ficar do lado de fora das coisas. 
(Quintana)

Porque agora eu assumo tudo, faz bem pra mim.
Dizer.
Não fingir ou ignorar.
Ser-se! (já dizia Clarice)

Eis-me aqui...
Sendo eu!
Bem no centro de mim
Centrada
Sentada na ponte
Perene
Debruçada sobre mim.
Me olhando
Sendo muito sincera comigo e com tudo
Em paz com os fatos, com os atos
Com a vida.
Isso não significa: aprovação.
Significa somente: continuo achando o mesmo, só que agora isso não me afeta tanto.
Não retiro nada do que disse antes
Mas mudo minha postura
Endireito-me
E volto a olhar em direção ao sol

Sol!

Sem firulas, ou falsas desculpas
Se não quero, não faço, não digo, não abraço
Não vou fingir, nem dissimular nada
Prefiro a verdade escancarada, sempre!
Ainda tem muita coisa ali... passando em baixo da ponte
Mas eu não quero mais descer pra ver


As coisas servem pra gente poder se ver melhor, se espelhar - se olhar no espelho
Dizer: -ah, para! Não é tudo isso mesmo.

E tá sendo bem mais fácil do que eu achei que seria.
To tranquila
Era menos do que eu imaginava...
Acho que minha vã filosofia sobre as coisas me enganou
Mas ok, agora já to vendo com nitidez tudo de novo.
E me espanto
Porque não dói?
Porque é tão fácil?
Porque eu não to desaguando?
Porque não foi correnteza tão forte
Foi só marola
Foi só o susto pela água sem direção invadindo a praia
Marola
Que passou, derrubando alguns galhos
Mas passou
E eu fiquei
Deixa assim ficar
Fica a beleza da areia molhada
E só.


Fase2 - estar consigo!

Nada como um dia após o outro! ; )


...

domingo, 16 de maio de 2010

um preparo para o que virá...

 
"Lóri: uma das coisas que aprendi
é que se deve viver apesar de.
Apesar de, se deve comer.
Apesar de, se deve amar.
Apesar de, se deve morrer.
Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de
que nos empurra para a frente.
Foi o apesar de que me deu uma angústia
que, insatisfeita,
foi a criadora de minha própria vida".
(Clarice - ...sempre ela)

terça-feira, 11 de maio de 2010

Bela Flor

A Flor que vem me lembrar
A Flor que é quase igual
A Flor que muito pensa
A Flor que fecha o Sol

Parece a mesma flor
Só muda o coração
Quando se unem são
A Flor que inspirou a canção

Bela Flor, pouco disse
Gêmea Flor, que cresceu no Rio
Bela Flor, pouco disse
Gêmea Flor, que cresceu no Rio

Que dance a linda flor girando por aí
Sonhando com amor sem dor, amor de flor
Querendo a flor que é, no sonho a flor que vem
Ser duplamente flor, encanta colore e faz bem

Bela Flor, pouco disse
Gêmea Flor, que cresceu no Rio
Bela Flor, pouco disse
Gêmea Flor, que cresceu no Rio

Oh flor, se tu canta essa canção
Todo o meu medo se vai pro vão
Pra longe, longe que eu não quero ir
Mas deixe seu rastro pólen, flor pra eu poder seguir

Bela Flor, pouco disse
Gêmea Flor, que cresceu no Rio
Bela Flor, pouco disse
Gêmea Flor, que cresceu no Rio

 Eu me identifico
Indentico fico


Pra ouvir : http://www.youtube.com/watch?v=_m8ioncgLns&feature=related

Saci - a verdadeira história!


Conta-se que no interior de Minas Gerais um fazendeiro muito rico teve um filho, e desde cedo dizia a ele para não se envolver com os escravos. Os negros pra ele eram como animais selvagens, deviam ser usadas para o trabalho, mas não deviam ser tratadas como iguais, afinal:
"-Agente não traz os bois pra dentro de casa, se não, eles destroem tudo, saem pisando até as louças. Não tem jeito, negro é igual ou até pior que os bicho." Dizia isso, mas não se acanhava em nada em ir até a senzala quando começa a anoitecer para se deitar com as negrinhas. Não tinha negra naquela fazenda que não tivesse se deitado na rede com aquele homem.
Já a mãe do menino era uma mulher muito boa, e tinha uma grande estima pelas escravas, sabia dos habitos de seu marido, mas nada podia fazer. Cabia a mulher apenas dizer sim, sem questionar ou se queixar. O "-Sim, senhor" era a única opinião que lhe era permitida dar.
Ainda bebê o menino foi entregue aos cuidados de uma ama de leite, pois sua mãe ficou muita fraca com a gravidez e seu leite secou. Ter uma ama de leite era algo muito comum e muitas vezes as mães até preferiam deixar esse trabalho para as negras. Tanto ou mais do que hoje, as mulheres criam que amamentar deixava os peitos caídos. Usavam as escravas prenhas ou com filhos pequenos para dar de mamar aos seus filhos brancos; as negras eram obrigadas a deixar de amamentar seus próprios filhos para amamentar os filhos das sinhazinhas. E assim, desde pequeno, os meninos aprendiam que os escravos tinham que fazer tudo por eles, querendo ou não. A mãe do menino morreu enquanto ele ainda dava seus primeiros passos, o pai dizia que ela tinha tido um mal subito, mas o que rodava na boca dos negros da senzala é que a pobre morreu de desgosto de tanto ver as maldades do marido.
A ama se encarregou da criação do menino. Ele foi criado junto a uma menina negrinha, filha de uma escrava que foi adquirida ainda grávida pelo Sinhôzinho da fazenda, seu nome era: Pererê. A mãe de Pererê também morreu enquanto ela era pequenina. Mas morreu no tronco, nas mãos do seu sinhô, porque não queria ir pra rede com ele, e quando foi forçada a deitar-se com ele tirou forças sabe Deus de onde e o impediu de tê-la. Morreu porque não queria ser tão dele assim.
O filho do fazendeiro e da negra corajosa cresceram juntos, brincaram juntos... Quando agente é criança não percebe o quanto é tratado diferente dos outros. O menino gostava muito de Pererê, e não via nela nada de diferente, chegava a se perguntar porque a menina andava sempre com a mesma roupa e até se zangava quando a chamava pra jogar pedrinhas no poço e ela dizia que tinha que varrer a cozinha. Achava frescura da menina. Pensava que ela podia escolher. Não via mal nenhum em nada. Mas logo o menino cresceu e começou a ver que Pererê era negra. E entendeu o que aquilo queria dizer. Mas isso não diminui nada o que ele sentia por ela. O que veio com a idade foi o sentimento de posse. Ele se via dono de Pererê e logo quis exercer seu poderio. Jogou Pererê na rede, e ela não pode escolher, tinha que ser dele. Pererê gostava dele, e queria que ele também fosse dela. Queria ser dele, mas de um outro jeito, não porque era obrigada.
Na rede Pererê virou mulher, mesmo sem querer. Era ainda moça, devia ter seus treze anos. E aos dezessete de tanto ser levada ali, Pererê se viu prenha. E o menino, tido como homem em tal idade, resolveu contar ao pai e assumir a gravidez da escrava Pererê. O fazendeiro, não quis nem saber, disse que podia entender o filho ter se deitado com a escrava que era moça bem feita de corpo, mas daí a chamar de seu o filho da negra já era demais, disse que nunca poderia imaginar ser avô de um cachorro. Daí fez-se a confusão. Filho e pai nunca discutiram feio, o jovem jogou na cara do pai a morte da mãe, disse que bicho mesmo era ele, que não sabia o que era amor de verdade e nem o que significava ser pai. O Fazendeiro trancou o filho num quarto da casa e botou dois jagunços dos mais fortes pra fazer vigia, do lado do quarto do filho armou uma rede e levou a escravinha pra ir ter com ele, nem esperou a menina dar a luz, a levou pra rede e fez questão de deixá-la gritar bem alto, que era pro filho saber de quem é que era a escrava.
O filho ficou em silêncio. Os escravos mais velhos dizem que ele chorava, mas os jagunços dizem que ele ficou em silêncio e quando lhe foi aberta a porta tudo o que fez foi pegar suas coisas e ir embora. Não conseguia olhar pra escrava que antes chamava de sua e não suportava ver seu pai, os gritos de Pererê ainda lhe ecoavam na cabeça. Deixou pra trás a negra e sua barriga. E a escrava tudo o que fazia era chorar. Quase morreu de desgosto. Passou a dizer pra quem quisesse ouvir que seu filho viria pra ser diferente daquele mundo, e sempre que ouvia o vento sentia-se chamada pra ir se encontrar com as águas. Sempre que ventava naquela fazenda Pererê ia pra beira do rio molhar os pés e sentir o frio do vento que ali na água ficava mais forte.
Numa noite de muita ventania, Pererê deu a luz. Era um menino, nasceu saudável, como nunca nenhum outro negrinho havia nascido. E assim que deu seu primeiro choro foi levado dos braços da mãe. Ela não derramou uma lágrima. Dizem que ela tinha gastado todas quando o pai de seu filho a deixou largada a própria sorte.
Em seguida a negra foi levada ao tronco, o fazendeiro queria ela morta, porque via nela a razão de ter perdido seu único filho, mas antes que o capataz começasse a castigá-la, um vento forte veio formando um pequeno redimunho e junto com o vento a vida da negra se foi. Ela partiu desse mundo sem apanhar, porque o vento foi mais rápido do que o chicote do capataz.
Então o fazendeito ordenou que o bebê fosse morto, o capataz pegou o moleque nos braços e foi caminhando em direção a mata, mas não deve coragem de dar cabo do menino. Porque dizem que quem mata cria pequena nunca mais consegue pregar os olhos, porque a lua não deixa, dizem que ela faz questão de lembrar o algoz pro resto da vida dele de que ele tirou uma vida ainda em botão.
O capataz não matou a criança, mas jogou-a em um poço. Um padre, que por sorte passava por perto, ouviu o choro da criança no poço e resolveu pegá-lo para criar. Amarrou um pedaço de tijolo em uma corda e jogou dentro do poço, pra poder descer e pegar o menino, mas o tijolo caiu em cima da perna da criança. O padre levou o pequeno pra igreja, chamou um médico de confiança e mandou que lhe arrancasse a perna, o médico muito bondoso aceitou fazer o bom serviço em troca de um bom dinheiro. Como se tratava de um negrinho e que agora não tinha uma das pernas, o padre resolveu criá-lo no porão da igreja.
Deu a ele o nome de Saci, Saci Pererê em homenagem a mãe do menino que ele nunca poderia conhecer. Ensinou-lhe a ler e escrever. E também ensinou pra ele sobre as ervas medicinais que haviam ali por perto. Como o porão era muito baixo o negrinho cresceu pouco. E quando se tornou adolescente o padre resolveu contar pra ele a história de como ele havia nascido. Ai Saci começou a aprontar. Durante o dia ficava escondido no porão, mas de noite saia pelas fazendas e aprontava com os animais: fazia trança na crina dos cavalos, assustava os viajantes, escondia os objetos domésticos das sinhazinhas... Até que parou de voltar pra igreja do padre, passou a morar de vez na floresta, se alimentava do mesmo que os animais e se guiava pelo vento – assim como sua mãe fazia quando ele ainda era só caroço de gente na barriga dela.
Durante muitas noites ele ia até a fazenda onde a mãe dele vivei e sempre que alguém ficava só pelos arredores da floresta gritava: -Saci Pererê, minha perna dói como o que. Um dia de tanto gritar e pular ali por perto Saci adoeceu e o vento com dó dele resolveu lhe dar um redemoinho pra andar, em troca disso o menino teria que cuidar das ervas da floresta. Trato feito. Saci agora se movia com o vento e ainda protegia a floresta. Sempre que alguém queria ir buscar ervas na floresta tinha que lhe pedir autorização.
Saci não cresceu de tamanho, mas cresceu de coração.
Dizem que aquele barulho que o vento faz e que parece um assovio é na verdade o saci, reclamando que sua perna está doendo. E que o vento é na verdade a mãe dele, carregando o menino no colo e procurando aquele rapaz, que hoje já deve ser um Sinhôzinho, o tal filho do fazendeiro, pra lhe mostrar o filho e reclamar ter sido deixada pra trás. Dizem que rodamuinho em beira de poço é um jeito que ela tem de se lembrar de chorar. Porque o vento também chora.


segunda-feira, 10 de maio de 2010

Iara

Só um mito - E eu minto - E me imito - E me irrito - E saio da água - E fujo da raia - E canto - Encanto
De propósito - A propósito - Despropósito - As palavras não dizem nada - E o que foi dito não tem peso
Pulo fora - Nada - Não é nada - Não foi nada - Nado - Pra bem longe - E finito -
O mar é infinito - Sereia
Ser ela - Sê inteiro - Foge - Marinheiro só - Canto triste da sereia - Por ser só - Ilha - Saudade -
Tristeza é ilha com saudade de barco
Barco - Enbarco - Canto - Lá no canto - Espanto - Certeza
Profundo - No fundo do oceano - Afundo - Fujo - To aqui - Parada - No mar
Imenso mar - Azul - Azul tem cor de que?
Só lenda...

Iara

Do saci pra Iara foi só um pulo... 
ou mergulho...
Sei lá!

Poema da circunstância

Onde estão os meus verdes?
Os meus azuis?
O arranha-céu comeu!
E ainda falam nos mastodontes, nos brontossauros,
nos tiranossauros,
Que mais sei eu...
Os verdadeiros monstros, os Papões, são eles, os arranha céus!
Daqui
Do fundo
Das suas goelas
Só vemos o céu, estreitamente, através de suas empinadas
gargantas ressecas.
Para que lhes serviu beberem tanta luz?!
Defronte
Á janela onde trabalho
Há uma grande árvore...
Mas já estão gestando um monstro de permeio!
Sim, uma grande árvore...Enquanto há verde,
Pastai, pastai, os olhos meus...
Uma grande árvore muito verde...Ah,
Todos os meus olhares são de adeus
Como um último olhar de um condenado!



De: Apontamentos de História Sobrenatural - Mario Quintana

"Hoje eu to vendo o mundo em preto e branco e nem adianta tentar por cor, não tem. Tá cinza mesmo!"

domingo, 9 de maio de 2010

Sen (s) ação

Um dia perco a cabeça com tanta coisa... Tem horas que eu fico com uma raiva, nem sei de que.
Odeio quando as coisas ficam no não dito.
Dá pra dizer o que tá acontecendo?
Eu não sei se sou eu. Se é algo que eu fiz, ou não fiz.
Eu não consigo ler mentes, não tão bem assim. 
Dá pra dizer de vez?
Eu sinto que tem algo no ar, mas não sei o que é... 
É sensação só. 
Intuição.
E não costuma falhar.

Meu coração tá na disritmia, desregulado, descompassado... E eu não sei lidar com isso. 
Dá pra me ajudar?

Tem tanta coisa acontecendo, minha cabeça tá a mil... não gosto do silêncio.
Não desse preenchido de coisas não ditas.
Gosto das cartas abertas na mesa. Eu posso suportar!!!

Tudo mudou, impossível dizer que não. 
Não dá pra ser o mesmo que antes, 
mas se quiser agente tenta. 
Escolhe seu caminho. Eu já escolhi o meu. 
Se eles se encontrarem vai ser muito bom, mas os caminhos só se cruzam quando agente quer. 
A vida é uma sequencia de escolhas, não é?
Escolhe a direção, pra eu saber se é a mesma que eu to querendo seguir.

Fala de vez, e para de me enrolar!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

To be or not To be?

Não gosto das entrelinhas, prefiro a verdade escancarada.
Mesmo que doa, prefiro que doa agora, não gosto de protelar...
Sempre enfrentei meus medos e não vai ser agora que vou retroceder.
Quero.
Quero um monte de coisas, mas to vivendo uma de cada vez.
Dizer não é também viver.
Dizer sim é viver mais ainda.
"O mais importante de tudo é aprender a estar de acordo, muitos dizem sim sem estar de acordo..."
Eu tô meio perdida, principalmente porque não sei ler mentes.
Talvez eu precisa ser mais direta, isso me assusta.
Nada nunca veio fácil pra mim...
Tenho medo, mas tenho mais medo ainda desse medo que me dá ter medo.
Eu to querendo botar meu bloco na rua, dançar, brincar... To querendo ser feliz, por mim mesma.
To querendo ser palhaça.
To querendo entender essa arte... to querendo me entender nesse meio, to querendo ser eu, to querendo querer ainda mais... To querendo ficar, estar, permanecer.
To querendo... To...
To be... or not to be? that is the question.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Afago

To escolhendo as palavras... porque agora elas jorram de mim, escolho-as e escrevo, escrevo, escrevo... mesmo receosa, escrevo. Quero dizer! Serei patética, eu sei. Mas ouso escrever mesmo assim.

Vim durante todo o trajeto até a minha casa pensando, quando de repente, numa curva, percebi que estava dentro de um modelo de onibus diferente, olha como estava distraída... 
Ai, disse pra mim mesma:
-Chega de pensar, vou ler!
Abro A rosa do povo do dignissimo Drummond, e entre tantos poemas leio um que diz exatamente aquilo que eu não conseguia parar de pensar:
"...mas eu sei quanto me custa
manter esse gelo digno,
essa indiferença gaia,
e não gritar: Vem, Fulana!" 



Hoje fui embora pensando: - Porque, raios, é que eu fui inventar de não dizer pra ninguém?
E ai fiquei no impulso, só... e pensando... como eu disfarço bem, acho que isso pode até confundir, daí que esse trecho do poema do Drummond tenha reverberado em mim. Porque tem momentos em que eu só quero pousar a cabeça em um ombro e ficar quietinha, como hoje que estou meio doente, mas ai me seguro, porque penso:
-Antes eu não faria isso, vão perceber.
As vezes essa situação é hilária, me deixa meio embaraçada, porque não sei como agir, porque eu não tenho como sair da defensiva sem me denunciar... quem foi que inventou isso? eu! 
Tonta.
Ainda continuo achando o mesmo: não quero o circo armado, mas tem horas que tudo que eu queria é não ficar fingindo que nada acontece. Queria facilitar só um pouquinho minha vida.

Já parou pra pensar em quanto agente é estranho? Quem é que, se conhecendo pessoalmente, começa algo pela internet? E se enrola todo na vida real? Acho que é por isso que dá certo... Porque isso é muito diferente de tudo e agente é muito igual.

Nunca fui tão direta. E acho que nunca me segurei tanto...
Pra não olhar demais. Pra não abraçar.Pra não pegar sem querer na mão. Pra não sorrir "sem querer" quando percebo ele se aproximando "sutilmente".
Qualquer dia eu me deixo levar... e ai quero ver quem é que não vai perceber. Porque eu até sei disfarçar. Mas tem hora que não quero.
Era disso que eu ia falar outro dia: em quanto me controlo pra ficar ali do lado e não fazer nada. Fingindo que não sinto nada, que não quero nada, que não estou pensando em nada. Fazer cara de paisagem quando eu só queria não parar de olhar. Não soltar a mão. Colocar todo mundo pra correr. Só pra não ter que disfarçar...
Ás vezes me sinto perdida. Você me confunde. De todos os jeitos possiveis. Olha lá eu escrevendo como se isso fosse uma carta endereçada, e não um post normal, escrito pra qualquer um ler... Isso por que eu sei que você vai ler, talvez seja até o primeiro a ler. Enfim...
Isso tudo é muito confuso. Acho que agente fala demais, mesmo sem palavras e até com muitas palavras. E não é defeito, é caracteristica.
Eu não sei nem como nomear isso tudo. Tem nome?
Lembro de uma vez ter dito: "Você me confunde, não de um jeito muito bom". Hoje me confunde de todos os jeitos - bons e ruins. E tem confusão boa? Ah, tem sim, senhor. Assim como tem da outra...
Quando me dá oi e desvia o olhar - confunde. Quando vai e eu fico - confusa
Quando eu fico e ele vai - confundo. Quando eu quero dizer e não digo - confundo
Quando quero ir bem fundo - com fundo. Quando em quando - eu estou - confusa, confundo, confusão, sem tensão, e dá medo, porque eu quero, e finjo, e seguro, e controlo, e confundo... confuso? Eu fico!
Ontem quando cheguei em casa até pensei em entrar aqui pra escrever, dizer oi pela janelinha, mas meu corpo não me ouvia. Tudo girava...Mas ainda assim eu pensava em vir aqui e dizer. Eu doente e brigando comigo pra vir pra cá, ficar na frente desse computador... mas minha mente perdeu pro meu estomago, ou figado, sei lá... Ainda bem que não disse, porque ontem o Drummond ainda não tinha me cutucado... 


Esse texto ta confuso, eu sei. Mas tá sincero, sem muita censura. Deve estar sem sentido (direção), mas tem muito do que é sentido (sentimento). Escrever vem sendo algo essencial em mim, porque parafraseando o Drudru:  

"...meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito (...)"


 Tá tudo sempre no detalhe...
No olhar,
dado ou negado.
 Tá no olhar.






domingo, 2 de maio de 2010

Carta aberta!

Eu agora me visto do eu poético e patético pra falar:
E os três patetas estão lá... esperando.

Eu queria (e não queria) falar de um monte de coisas, mas você nao deixa.
Ás vezes paro em frente ao computador e penso: Não acredito que estamos tendo essa conversa. Porque é muito absurdo e agente nem se dá conta. Ou se dá e não liga. Sei lá... Agora mesmo. Estou escrevendo aqui, porque você não para de me mandar falar. Não se contenta em não saber...

Olha só... você tá me enrolando ali naquela janelinha.
Já percebeu que você tá sempre tentando me enrolar? Quando você não quer falar, nossaaaaaaaaaaa... Não tem santo que te obrigue. Um dia ainda te bato por isso!!!
Eu ia escrever tudo o que tinha passado por mim, mas já que você quer, alias não quer falar... fica assim.
Não falo nada. Vou ficar bem quieta... até quando você arregar. Chato!

Trem das... que horas mesmo?

Mãos se encontram em meio a toda palhaçada.

E a manhã segue... a vida segue
Todos seguem?
Não mais.

O trem se aproxima e eu digo que vou.
-Não vai, não.
-Eu vou.
-Tá bom, vai.
-Não vou... to só fazendo doce.

E... o trem vai... e eu nem vi ele indo.

Hum... cheiro de chocolate, desodorante de chocolate.

E nem tem graça falar aqui o que eu queria dizer, você vai ler! 
(Tem coisa que agente não quer dizer, alias até quer. Mas quer primeiro dizer-se. Se dizer.)

E tudo treme - movimento involuntário em um ato voluntariosamente voluntário... vai entender...

Outro trem vem e eu vou, mesmo querendo não ter visto esse chegar.



Não consigo ler o livro da bolsa - Monsieur Poirot que espere.

Passa um tempo o telefone toca - engraçadinho!

Chego em casa... quanta coisa pra fazer. 
Tem dias em que o dia tinha que parar pra gente poder ficar só ali, 
sem ter que fazer mais nada...